Pacheco se reúne com líderes nesta terça para discutir PEC dos Precatórios

Presidente do Senado quer discutir com os colegas até que ponto admitem negociar possível fatiamento da proposta

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reúne, na manhã desta terça-feira, com líderes da Casa para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, aprovada pelos senadores na última quinta-feira. O foco da discussão é a intenção do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de fatiar a PEC e aprovar apenas os trechos validados de forma idêntica nas duas Casas.

Pacheco quer ouvir a opinião dos líderes do Senado sobre o andamento da proposta. A tramitação de uma PEC é diferente, e o texto promulgado deve estar de acordo com a decisão tomada nos dois plenários, da Câmara e do Senado. A proposta é promulgada por ambas as mesas diretoras do Congresso. A PEC dos Precatórios passou primeiro na Câmara, mas sofreu grande resistência no Senado, onde sofreu diversas alterações antes de ser validada.

Uma das principais mudanças é em relação ao teto para o pagamento de precatórios (dívidas que a União é obrigada a pagar porque já se esgotaram todos os recursos no âmbito da Justiça). Esse teto, na prática, significa uma quantia máxima por ano a ser desembolsada pela União. O restante fica para o próximo ano. Ou seja, há um atraso no pagamento dessas dívidas. A Câmara aprovou que a regra fique em vigor até 2036. No Senado, a avaliação é que o prazo pode criar uma bola de neve, o que levou os parlamentares a reduzir o teto a 10 anos, até 2026.

Com as mudanças no Senado, o texto voltou para análise dos deputados. Para evitar o fatiamento da PEC, os senadores “costuraram” o texto de uma forma que as alterações não possam ser retiradas pela Câmara. Em tese, isso impede que a Câmara promulgue, por exemplo, o texto aprovado previamente na Casa, sem as mudanças feitas pelos senadores. A avaliação de técnicos do Congresso é que os únicos trechos idênticos envolvem a mudança no cálculo do Teto de Gastos e a possibilidade de parcelamento das dívidas previdenciárias dos municípios em 240 meses.

Na avaliação de Leonardo Ribeiro, analista do Senado e especialista em contas públicas, a promulgação do teto abre um espaço fiscal de R$ 60 bilhões, valor bem inferior aos R$ 106,1 bilhões estimados pelo governo com a PEC. Com a quantia menor, governo garante recursos para o Auxílio Brasil e a correção do Orçamento. O receio entre técnicos e parlamentares é que Arthur Lira tente fatiar outros trechos, como o subteto dos precatórios, apesar de os senadores e técnicos avaliarem que isso é impossível.

De qualquer maneira, a promulgação precisa ser feita mediante acordo entre as Casas. Antes de se reunir com Lira, Pacheco vai dialogar com os líderes do Senado para ver até onde se dispõem a negociar. O pagamento do programa social Auxílio Brasil, a parcelas de R$ 400, depende da PEC.