O auxílio emergencial evitou, temporariamente, o agravamento da pobreza no país em 2020, em meio ao choque da covid-19, mas parece ter apenas anestesiado o problema. Sem os programas sociais, os 10% mais pobres da população teriam sobrevivido o ano passado com apenas R$ 13,00 por mês, ou R$ 0,43 por pessoa a cada dia.
Conforme o estudo Síntese dos Indicadores Sociais divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, o Rio Grande do Sul tinha 1,4 milhão de pessoas (12,0%) com rendimento per capita de até US$ 5,50/dia (R$ 31,24 pela cotação de sexta-feira, 03/12), que estava em R$ 450 mensais per capita. Considerando-se a linha de 50% do salário mínimo utilizada para o Cadastro Único do Governo Federal, encontramos 1,8 milhão de pessoas (15,7%). Já abaixo da linha de elegibilidade do Bolsa Família (R$ 178 per capita), havia 307,9 mil pessoas (2,7%).
Para o critério de extrema pobreza, há a linha do Banco Mundial (renda de US$1,90/dia, ou R$155 mensais per capita), que concentrava 273,7 mil pessoas (2,4% da população); a linha do Bolsa Família de até R$89 mensais per capita, que reunia no Rio Grande do Sul 205,3 mil pessoas (1,8% da população) e, abaixo da linha do BPC (R$261 per capita), havia 490,3 mil pessoas (4,3%).
Na comparação com as demais unidades da federação, o Rio Grande do Sul detém as menores proporções de população em situação de pobreza ou extrema pobreza, variando entre a segunda e a terceira posição, conforme a linha considerada.
Como ocorreu em todo o país, esses percentuais não subiram em 2020 devido aos programas sociais: em um cenário hipotético sem esses benefícios, a proporção de pessoas abaixo da linha de pobreza (US$5,50/dia) e extrema pobreza (US$1,90/dia) do Banco Mundial, teria aumentado, respectivamente, de 2,4% para 5,3% e de 12,0% para 17,0% no Rio Grande do Sul.