“Nunca tive problemas com Elissandro”, afirma testemunha de defesa no caso Boate Kiss

Alexandre Marques trabalhava como produtor de eventos na época do incêndio

Julgamento do caso Kiss | Foto: Ricardo Giusti/CP

O quarto dia de julgamento da Boate Kiss começou, na manhã deste sábado (04), com depoimento do empresário Alexandre Marques, testemunha arrolada pela defesa de Elissandro Spohr, um dos sócios-proprietários da casa noturna. Na época, o depoente trabalhava como organizador de eventos, atualmente, não exerce mais a profissão, atuando agora no ramo da Publicidade e Marketing.

Segundo ele, a sua relação com o réu era de confiança e nunca teve problemas relacionados a trabalho com o Kiko, apelido de Elissandro. “Nunca tive problemas com Kiko (Elissandro). Eu dava o meu preço e ele pagava”, recordou e ressaltou que conhecia pessoalmente apenas o Elissandro, e só sabia do Mauro Hoffman, outro sócio do local, por nome. O depoente acreditava que o réu era o dono da boate.

Na época em que trabalhava com eventos, Marques contou que sua preocupação era com a passagem de som das bandas e com a produção de materiais. “Ficava na pista no início dos shows para sentir como estava o som, pois na passagem de som é uma coisa, com a presença de público é outra”, disse. O depoente também recordou que levava materiais pirotécnicos para os shows da banda que era produtor, Múltiplas, como sputinik, chuva de prata, entre outros, antes da tragédia. Segundo a testemunha, o manuseio dos itens ficava a cargo dos próprios músicos.

Alexandre explicou que o teste de artefatos geralmente era feito durante a passagem de som.  “Quando envolve fogo, no caso um Sputnik ou Gerb da vida, a gente tem que fazer um pré-teste antes se nós não conhecemos o ambiente”, explicou. Na banda que era produtor, ele relatou que usava esse tipo de material, que comprava em loja de fogos.

Sobre a questão do uso de espuma para isolamento acústico, Marques admitiu que sabia do uso em outros locais, no entanto, nunca se preocupou com isso. Por ter experiência em eventos, na época, ele recordou que após o incêndio na Kiss, casas noturnas começaram a solicitar a presença de bombeiros para ver se o imóvel estava funcionando de forma correta.

Além de Elissandro Spohr, também são réus no julgamento Mauro Londero Hoffmann, sócios da Kiss, e Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, da banda Gurizada Fandangueira, que respondem pelas 242 mortes e 636 feridos do incêndio da Boate Kiss, em janeiro de 2013.

Ainda está previsto o depoimento de Maike Ariel, um dos sobreviventes da tragédia, para este sábado.

  • Com informações dos repórteres Paulo Tavares e Aristóteles Júnior