Itamaraty negocia com aéreas a retirada de brasileiros na África do Sul

Consulado em Pretória estima que cerca de 280 brasileiros não conseguem deixar o país após restrições causadas pela ômicron

Foto: Alina Souza/CP

O Palácio do Planalto, por meio do Ministério das Relações Exteriores, vem realizando consultas às companhias aéreas sobre a possibilidade de fretar uma aeronave para repatriar brasileiros retidos no continente africano, sobretudo na África do Sul.

A estimativa do serviço consular brasileiro em Pretória é que cerca de 280 brasileiros estejam nessa situação o país, por conta da descoberta da variante ômicron na região. Várias nações, incluindo o Brasil, fecharam as fronteiras para viajantes vindos da África do Sul e países vizinhos, como Botsuana, Namíbia, Lesotho, Zimbábue, Essuatíni e Moçambique.

Até o final da tarde desta quinta-feira, o governo brasileiro não havia fechado nenhum acordo. Latam e Azul são as duas companhias em operação no Brasil que possuem aeronaves com autonomia de voar direto para Johanesburgo e Cidade do Cabo.

Na Latam, por exemplo, há o Boeing 777, capaz de cruzar o Atlântico sem escala. A distância de São Paulo a Johanesburgo é de 7.450 km. Na Azul, a aeronave recomendada é o Airbus A330, também configurado para o transporte de mais de 320 pessoas.

Sob a condição de anonimato, um representante do Itamaraty explicou ao portal R7 que as negociações com as companhias são demoradas, em função do trâmite burocráticos e operacionais, já que nenhuma dessas empresas voa regularmente para o continente africano.

Existe ainda a possibilidade – mais remota – de o Itamaraty fretar um avião de outra companhia. Em entrevista ao podcast JR 15 Minutos, do Jornal da Record, a enfermeira Priscila Bertoso Ferras contou que está há dias sem poder embarcar de volta ao Brasil por conta das restrições. E com o agravante de o dinheiro que levou para o período ter acabado.

Priscila viajou para estudar inglês e prestar serviço voluntário na comunidade de Nyanga, próxima ao aeroporto internacional da Cidade do Cabo. “A região não é tão segura, o que tem aumentado a minha tensão. Tomara que alguma providência seja tomada”, disse Priscila.

Os valores dos bilhetes também subiram consideravelmente após as restrições de voos, o que impossibilita que Priscila e muitos outros brasileiros comprem uma nova passagem para o Brasil. “O preço normalmente para vir à África do Sul é em torno de R$ 4 mil ou R$ 5 mil. Agora subiu para R$ 11 mil ou mais”, reclama a enfermeira.

A Embaixada da África do Sul em Brasília há meses tenta convencer a Latam a retomar o voo regular que a companhia fazia entre Guarulhos e Johanesburgo, interrompidos desde o inicio da pandemia. Mas não recebe resposta positiva da companhia.