A extensão da variante ômicron, que já chegou à América Latina, levou a novas suspensões de voos com países do sul da África, como o Japão, e empurra a União Europeia a refletir sobre a vacinação obrigatória. O surgimento da nova variante, aparentemente mais contagiosa e com múltiplas mutações, gerou uma reação de pânico de vários governos da região.
A Comissão Europeia pediu nesta quarta-feira que os países da UE reflitam sobre a obrigatoriedade da vacinação contra o coronavírus. Foi o que disse a presidente da Comissão, Ursula von der Limen.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também alertou no mesmo dia em que a ômicron pode ser uma ameaça à recuperação econômica global e reduziu as projeções para o crescimento mundial em 2021. A economia mundial pode crescer 5,6% neste ano, em vez de 5,7%, como se previa antes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que “as proibições gerais às viagens não impedirão a propagação internacional” da ômicron. A detecção de um segundo caso no Japão levou o governo a pedir às companhias aéreas que parem de aceitar novas reservas para voos de entrada a partir de 1º de dezembro.
Casos no Brasil
Por enquanto, o Brasil único país latino-americano com casos confirmados da variante. O país anunciou na terça-feira dois casos em passageiros da África do Sul, e um terceiro nesta quarta-feira, em um passageiro de 29 anos vindo da Etiópia.
Os três casos foram detectados no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, informou a secretaria de saúde do estado de São Paulo.
Outros países da América Latina entraram em alerta. O Equador, por exemplo, adiou a reabertura da fronteira terrestre com a Colômbia, prevista para esta quarta-feira, até 15 de dezembro.
E o Ministério da Saúde argentino anunciou que, para a prevenção da variante ômicron, isolou no mar um navio proveniente de Cabo Verde após a detecção de um contágio.
Negociações na OMS
Desde que a África do Sul anunciou a detecção da variante na semana passada, muitos países fecharam as fronteiras para pessoas procedentes do sul da África, o que provocou indignação na região.
Estas medidas “podem ter um impacto negativo sobre os esforços globais de saúde durante uma pandemia, desencorajando os países a relatar e compartilhar dados epidemiológicos e de sequenciamento”, advertiu a OMS.
A falta de eficácia das restrições ficou demonstrada quando a Holanda reportou que a variante ômicron já havia sido detectada no país antes de a África do Sul informar o primeiro caso, em 25 de novembro.
E a propagação continua. Nesta quarta-feira, a Nigéria, país mais populoso da África, e a Arábia Saudita anunciaram os primeiros casos da nova cepa.
A preocupação aumentou ainda mais depois que o CEO do laboratório americano Moderna, Stephan Bancel, afirmou que pode acontecer uma “redução importante” da eficácia das atuais vacinas contra a ômicron.
Uma possível solução pode ser o comprimido anticovid do laboratório americano MSD, que recebeu a recomendação do painel de especialistas designado por Washington para pacientes adultos de alto risco após uma votação apertada.
A OMS considera “elevada a probabilidade de propagação da ômicron a nível mundial”, mas persistem as dúvidas sobre o nível de contágio, a resistência da mutação às vacinas e a gravidade. Um elemento tranquilizador é que, até o momento, nenhuma morte ocorreu associada à nova variante.
A pandemia de Covid-19 provocou mais de 5,2 milhões de mortes desde a detecção do coronavírus no fim de 2019 na China, segundo um balanço da Agência France Presse (AFP). Com a pandemia ainda longe do controle, os 194 Estados integrantes da OMS iniciaram nesta quarta-feira negociações para alcançar um acordo que, em caso de futuras pandemias, melhore a prevenção e o combate.