“Reformas contribuíram para tragédia”, declara primeira testemunha do júri da Kiss

Depoimento teve início por volta das 14h15 e se estendeu até às 19h15 desta quarta-feira, no Foro Central de Porto Alegre

Advogado de defesa do réu Mauro Hoffmann, Mario Cipriani atuando no júri. Foto: Ricardo Giusti/CP

O depoimento da primeira testemunha do julgamento da boate Kiss, Kátia Geane Pacheco Siqueira, teve início por volta das 14h15min e se estendeu até às 19h15min desta quarta-feira, no Foro Central de Porto Alegre. Durante mais de quatro horas, a testemunha respondeu a perguntas de representantes do Ministério Público e dos advogados de defesa dos réus Elissandro Callegaro Spohr, Mauro Londero Hoffmann, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, acusados de homicídio simples com dolo eventual pelo incêndio na casa noturna. A tragédia matou 242 pessoas e deixou mais de 630 feridas, em 27 de fevereiro de 2013, na cidade de Santa Maria.

A ex-funcionária da boate, que trabalhava quando era solicitada, afirmou que no dia do incêndio chegou às 23h. “Neste horário já tínhamos que estar com os uniformes e os clientes começavam a entrar”, destacou, lembrando que encontrou dentro da boate uma amiga que morreu na tragédia. Kátia afirmou ainda que na noite do incêndio não havia extintores na boate, tampouco bombeiros, quando o fogo começou. Ela relatou também que era comum o uso de artefatos e que a boate só tinha uma saída, bloqueada por barras metálicas, perto da porta principal.

“As reformas da boate contribuíram para a tragédia. Com tudo o que fizeram na reforma, como a elevação do palco e a colocação de espuma, eles tentaram matar a gente”, afirmou.

Ainda durante o depoimento, Kátia destacou que parte da iluminação da boate caiu e o público gritava “fogo e briga”. Ela contou que naquele momento teve 40% do corpo queimado e acordou após 21 dias, internada em um hospital de Porto Alegre.

Durante o testemunho de Kátia, o juiz Orlando Faccini Neto advertiu os advogados de defesa para fazerem perguntas pertinentes à testemunha. O juiz encerrou o depoimento por volta das 19h15min e determinou um intervalo.

Segunda testemunha depõe

O depoimento da vítima Kelen Leite Ferreira ocorre desde as 20h. Um terceiro sobrevivente havia sido agendado para hoje, mas, em razão do avanço do primeiro depoimento, a oiitva ficou para amanhã. A expectativa é ouvir cinco vítimas e uma testemunha de acusação nesta quinta-feira: Emanuel Almeida Pastl e Jéssica Montarão Rosado, pela manhã; e Miguel Ângelo Teixeira Pedroso (acusação), Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore, à tarde.