Como a vitória de Doria mexe nas negociações no RS

Governador paulista venceu as prévias tucanas

Foto: Valter Campanato / ABr / Divulgação

A definição do PSDB que tirou do jogo nacional o governador Eduardo Leite mexe no cenário estadual por uma lista de motivos. O primeiro é a resolução da equação entre PSDB e MDB. Projetando um quadro no qual disputaria a presidência da República, apontam os analistas políticos, Leite se movimentou para garantir mais de um palanque no RS.

Foi assim que o PSDB filiou e alimentou até aqui a pré-candidatura do hoje vice-governador Ranolfo Vieira Júnior à sucessão no Piratini, ao mesmo tempo em que o governador articulou o ingresso do MDB em sua base, com sinalizações sucessivas de apoio a um nome do MDB para a cabeça de chapa e, caso se mostrasse necessário, também para o Senado. O cimento para a união é o argumento de que as administrações de Sartori, Leite e daquele que for seu candidato em comum integram um mesmo projeto, implementado em diferentes etapas. Agora, para o entendimento, será preciso fazer uma escolha, desagradando a uma das partes.

O segundo fator é o dos desdobramentos da derrota de Leite sobre as pré-candidaturas ao governo alinhadas ao presidente Jair Bolsonaro: a do senador Luis Carlos Heinze (PP) e a do ministro Onyx Lorenzoni, hoje no Dem, mas que, para concorrer ao Piratini, também negocia a ida para o PL.

Heinze e Onyx disputam o palanque de Bolsonaro entre gaúchos, mas tanto o PP como o PL integram a base da administração tucana no Estado. Antes do resultado do domingo, os dois já avaliavam o quanto uma candidatura de centro-direita impulsionada por Leite com mais dedicação ao jogo local pode impactar seus próprios desempenhos, visto que o governador deixa de ser um oponente direto de Bolsonaro, e seu candidato ao governo poderá investir em um discurso mais ambíguo, que atraia tanto uma fatia de eleitores bolsonaristas quanto de moristas.

O terceiro fator é o quanto uma candidatura que tenha Leite jogando diretamente poderá abocanhar apoios entre siglas de ‘centro’ que vinham sendo receptivas ao PSB. Entre elas o PSD, o Cidadania e o Solidariedade. Nesse cenário, também vão pesar o Podemos, que ganhou musculatura após a filiação do ex-juiz Sergio Moro, e o União Brasil (resultado da fusão entre DEM e PSL), que começa a se organizar no Estado. As três siglas estão na base ou são próximas a Leite no RS, mas, asseguram os especialistas em marketing político, a opção por uma coalizão ou pelo afastamento aqui estarão também vinculadas às articulações nacionais.