Homens lideram número de óbitos de pessoas entre zero e 79 anos, aponta IBGE

Enquanto 1.243 meninos morrem ao nascer ou nos primeiros meses de vida, a quantidade cai para 1.064 no caso das meninas

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Os homens lideram o número de óbitos no Brasil desde o nascimento até os 79 anos de idade. É o que aponta a Tábua de Mortalidade, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta semana. Enquanto o registro de mortes de meninos recém-nascidos e com até 11 meses chega a 1.243, os de meninas totaliza 1.064.

O volume só muda quando se compara as mortes de ambos os sexos na última faixa computada pelo IBGE, 80 anos ou mais: homens totalizam 43.546 e mulheres 60.574, ou seja, a expectativa de vida delas é bem maior do que a deles.

Segundo Renato Kfouri, pediatra e infectologista e presidente do departamento de imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), alguns fenômenos genéticos tentam explicar a suscetibilidade dos homens morrerem mais do que as mulheres, principalmente quando recém-nascidos ou bebês, mas é sabido que a mortalidade deles é maior do que a delas em todas as faixas.

Kfouri ressalta que, na fase adulta, mesmo tendo uma predisposição genética para ser menos resistente às doenças do que as mulheres, o que justifica o número mais elevado de mortes de homens é a falta de cuidados com a saúde.

“O homem se cuida menos. Vai menos ao médico, faz menos exame preventivo, toma menos vacina e tudo isso reflete na sua expectativa de vida”, diz o médico. A Tábua da Mortalidade também destacou que as mulheres vivem 1,9 ano mais do que os homens.

Um exemplo: enquanto a expectativa de vida de uma mulher com 80 anos ou mais é de 10,6 anos, a de um homem é de 8,7 anos. Quando se fala em nascimentos, a diferença da expectativa de vida entre homens e mulheres é ainda maior.

Enquanto as mulheres podem viver até os 80,3 anos, a expectativa de vida para os homens é de 73,3 anos, ou seja, sete anos menos.

Expectativa de vida do brasileiro subiu para 76,8 anos

O levantamento mostra que a expectativa de vida no Brasil subiu para 76,8 anos em 2020. Para os nascidos em 2019, a expectativa era viver, em média, 76,6 anos. Em cinco anos, a expectativa de vida subiu 1,3 ano, enquanto em dez anos houve um crescimento de 3,3 anos.

IBGE admite falhas no cálculo

O IBGE admitiu que a metodologia utilizada pelo órgão para a construção da Tábua de Mortalidade 2020 não conseguiu registrar todos os óbitos do primeiro ano da pandemia de Covid-19 e o impacto dessas mortes na expectiva de vida dos brasileiros. Dessa forma, fica comprometido o dado anunciado no início desta quinta de que a expectativa de vida do brasileiro havia subido para 76,8 anos.