No Rio de Janeiro, a venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol é permitida desde a abertura dos portões, até o apito final. Em Minas Gerais, a comercialização de bebidas acontece do começo do jogo até o fim do intervalo da partida. Na Bahia, a venda de bebidas começa duas horas antes do jogo. Atualmente, 12 estados da Federação e uma cidade permitem a prática. Em cinco desses locais, há clubes da Série A do Campeonato Brasileiro.
Para entender como essas regiões conseguem administrar a violência nos estádios, mesmo com o álcool liberado, a Rádio Guaíba ouviu autoridades.
O promotor Rodrigo Terra, da Promotoria do Consumidor do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que também responde pelo cuidado de torcedores em estádios, explicou que um período experimental, com a bebida proibida, embasou a atual liberação. O objetivo era ver algum efeito prático da suspensão da venda. De acordo com ele, no entanto, os casos de violência no entorno aumentaram e houve, inclusive, episódios envolvendo morte de torcedores. “A realidade é que se a bebida não for vendida dentro do estádio, o torcedor vai procurar consumi-la fora. E já entrar no estádio numa situação de briga, de conflito. Fica até mais difícil de coibir”, afirmou.
Na avaliação do promotor, com a liberação do consumo nos estádios fluminenses, o torcedor, em maioria, não chega, durante a realização da partida, a atingir o estado de embriaguez que gera risco maior de confusões. Para o representante do MPRJ, existem outros fatores que contribuem mais que o álcool para o aumento da violência nas arenas de futebol. Para ele, o foco de atenção devem ser “os integrantes das torcidas organizadas, que veem o futebol, a torcida, o esporte, como um pretexto para liberar os seus instintos mais primitivos, se envolvendo com crimes de morte, lesões corporais, entre outros. Quanto a isso não há dúvidas, precisa ser reprimido”, apontou.
Na Bahia, a autorização para o consumo de bebidas alcoólicas em estádios vigora desde fevereiro de 2014, através de uma lei estadual. O chefe da Coordenação de Planejamento Operacional do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos, capitão da Policia Militar da Bahia (PMBA), Danilo Freire, admite que, por vezes, o álcool altera o comportamento dos torcedores.
O oficial entende, porém, que cabe às forças de segurança do estado se adaptar à essa nova realidade. “A gente tem um ambiente controlado, buscamos policiar somente nos horários de intervalo dos jogos, tomamos medidas no momento de entrada dos torcedores para não permitir a entrada de objetos que possam ser utilizados para gerar violência, e, hoje, dentro de todo esse contexto, temos um ambiente controlado”, revelou o capitão.
O policial militar revela, ainda, que trabalha na PMBA desde a mudança na legislação. Para ele, logo quando o consumo de bebidas nos estádios passou a ser permitido, houve problemas, que hoje já não acontecem mais. “No início, por ser uma novidade, tivemos incidentes. A gente entende que o futebol envolve paixão, fanatismo, e que o álcool pode ser um potencializador da violência, mas hoje temos um ambiente controlado que já antecipa possíveis problemas para evitar confusões”, detalhou.
Atualmente, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Mato Grosso, Piauí e Pernambuco permitem o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol. Entre as capitais, a única lei municipal que autoriza a venda vigora em Goiânia (GO).