O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu, nesta quinta-feira, que a pasta diverge da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto à orientação do esquema para a dose de reforço, mas não sinalizou se vai acatar ou não a recomendação da reguladora. A última nota técnica do ministério prevê a estratégia utilizando o modelo heterólogo, ou seja, aplicando um imunizante diferente daquele utilizado no esquema vacinal primário.
A decisão vai de encontro à recomendação feita pela Anvisa, que orientou não misturar as vacinas, exceto no caso da Coronavac. Ressaltando o papel da agência de servir como “grande fortaleza no enfrentamento à pandemia da Covid-19”, Queiroga comentou a divergência, que definiu ser de “natureza técnica”.
“Na minha opinião, em nada prejudica os rumos da campanha de vacinação.” Por outro lado, o ministro reiterou que, havendo a necessidade de fazer adequações, “nós todos aqui saberemos tomar as melhores decisões”. A fala ocorreu durante a 11ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite. “As vacinas não devem ser problema, elas são a solução para o problema”, completou o ministro.
Como cabe ao Ministério da Saúde decidir sobre a estratégia vacinal, continua valendo a nota técnica liberada aos estados e municípios pela pasta. No documento, a orientação é pela aplicação da dose de reforço preferencialmente com a Pfizer, para quem recebeu as duas doses da AstraZeneca ou da Coronavac, após cinco meses do esquema primário completo.
A Anvisa, no entanto, optou pela continuidade da vacinação homóloga (com a mesma desenvolvedora), já que esse modelo permite um maior controle e monitoramento, visto que cabe às farmacêuticas produzir dados e estudos quando em consonância com o próprio pedido junto à Anvisa.
A Pfizer, a AstraZeneca e a Janssen entraram com pedido de alteração da bula, prevendo a dose de reforço homóloga. Apenas a primeira teve a autorização já concedida. Com isso, o ministro da Saúde adiantou que, para quem recebeu a vacina de RNA, como é o caso da Pfizer, a recomendação é continuar o reforço com a mesma plataforma.
No caso da Coronavac, não há divergências, já que a Anvisa também recomendou a adoção do modelo heterólogo, preferencialmente com o reforço da Pfizer. “É claro que ainda não há um posicionamento sólido acerca dessa questão da vacinação heteróloga, até porque tudo em relação à vacinação contra a Covid-19 é recente”, admitiu o ministro.