O processo de prévias do PSDB, que até domingo vai decidir o candidato da legenda a presidente da República, segue gerando polêmica entre os postulantes. Em função de falhas no aplicativo de votação, o partido suspendeu o processo e decidiu contratar uma empresa privada para assumir a função. Para falar sobre o assunto, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva, na noite desta terça.
Leite explicou que vêm sendo feitas todas as diligências e análises técnicas para avaliar a confiança do sistema. “Nós entendemos que o mais importante de tudo é concluir o processo de votação e vão ficar, sob a devida auditagem, os levantamentos necessários sobre o que tenha acontecido para que tudo se esclareça com o tempo”, detalhou.
O governador gaúcho também comentou que propõe apresentar um projeto “equilibrado” para o Brasil. “Queremos apresentar uma ideia que não seja um terceiro polo de radicalização, que não seja mais uma pessoa gritando no meio deste ambiente. Que seja a sensatez, o equilíbrio e o bom senso, que seja a alternativa, efetivamente, a estes dois polos que estão radicalizando no debate”, explicou Leite.
O pré-candidato revelou, ainda, que nunca pensou em desistir de ser o candidato tucano à presidência da República. “Estou muito confiante na nossa vitória. A minha candidatura já não é mais minha, ela é de milhares de pessoas do nosso partido que acreditam num PSDB plural e não no singular, um PSDB que fale de nós, e não do eu, um PSDB que não queira ter dono, e nem perseguições, como se ameaçam em outras candidaturas”, revelou.
Questionado sobre como o PSDB planeja governar o país se não consegue administrar as prévias internas, o governador lembrou que a credibilidade do partido está nas gestões, como a dele, no Rio Grande do Sul. “A gente pegou um Estado quebrado, que nem pagava as contas em dia, e que, agora, além de pagar as contas em dia, faz os investimentos mais robustos da história recente”, pontuou.
Leite também disse que é natural, no processo de prévias de qualquer partido, que se acentuem as diferenças entre os candidatos, e afirmou que existem profundas diferenças de estilo entre ele e o governador de São Paulo, João Doria, com quem polariza a disputa. “O governador João Doria fala em expurgar, em depurar, em retirar gente do partido”, comparou.
Leite também não poupou críticas a Doria, pela forma com que o paulista vem se manifestando. “Existem do outro lado, sim, denúncias de pressões, até suspensão de filiação, expulsão, demissão, de um secretário de um município – no caso da cidade de São Paulo -, vereadores que tiveram a suspensão da sua filiação. Então, tem um tipo de política que busca exercer de uma forma menos pelo diálogo e mais pela imposição das vontades”, considerou.
A manifestação de Leite ocorreu pouco depois da coletiva dos dois adversários – Doria e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. Ambos defenderam a contratação de uma empresa privada para substituir a Faurgs, fundação pública, de Porto Alegre, responsável pelo aplicativo que “travou” no domingo. Na mesma coletiva, criticaram Leite por acusar o paulista de fraude e compra de votos, em manifestação na segunda-feira, sem ter apresentado provas do que dizia.