A Polícia Federal de Santa Catarina deflagrou nesta terça-feira a operação Mar Aberto com o objetivo de desarticular organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de cocaína. Por meio da simulação de operações de pesca, os criminosos tentavam movimentar toneladas de cargas de cocaína para alto mar, de onde seriam resgatadas por embarcações estrangeiras. O entorpecente seria levado então até países da África e Europa.
Cerca de 100 agentes cumpriram 20 mandados de busca e apreensão em Balneário Camboriú, Camboriú, Florianópolis, Itajaí, Itapema, Porto Belo, Navegantes e São José, além de Curitiba e Matinhos, no Paraná, e Itapemirim, no Espírito Santo. Seis ordens de prisão preventiva também foram executadas. Houve ainda sequestro judicial de veículos, imóveis e embarcações de pesca industrial, pertencentes ao grupo criminoso.
As investigações começaram em outubro do ano passado e possibilitaram identificar uma organização criminosa que se apossou de barcos de pesca industrial para transportar grandes quantias de cocaína para o exterior. Além da aquisição de barcos de grande autonomia e capacidade de armazenamento de carga, o grupo contratou, em vários pontos do país, tripulações especializadas na atividade de navegação marítima para realização de longas travessias intercontinentais.
Por meio da simulação de operações de pesca, os traficantes buscavam dissimular o carregamento e movimentação de cargas de cocaína até determinados pontos no oceano, sendo recolhidas por embarcações estrangeiras e encaminhadas para África e Europa.
Durante o trabalho investigativo, a Polícia Federal identificou três barcos pesqueiros, além de operadores logísticos e gerentes operacionais em solo. Em 3 de julho deste ano foi abordada uma embarcação na foz do rio Itajaí-Açu, carregada com 2,8 toneladas de cocaína ocultas sob densa camada de gelo. Sete tripulantes foram presos em flagrante. No dia 20 do mesmo mês, outra embarcação foi abordada pelos agentes junto à costa de Porto Belo, sendo apreendidos 844 quilos de cocaína no porão do navio ocultos entre as redes de pesca. Oito prisões foram efetuadas. Já em 16 de setembro, outros sete envolvidos também foram detidos, todos ligados a atividades logísticas de facilitação à operação de tráfico.
Uma terceira embarcação, também originária da frota pesqueira de Itajaí, estava sendo monitorada desde a entrada no porto de Natal, no Rio Grande do Norte, de onde partiu em 27 de fevereiro deste ano. No litoral de Recife, em Pernambuco, a embarcação foi carregada com 2,8 toneladas de cocaína e seguiu viagem rumo à costa da África.
Perseguida em alto mar, a tripulação teria dispensado as bolsas náuticas que continham a droga, não sendo possível a apreensão da carga ilícita naquela oportunidade. Posteriormente, entre os meses de maio e julho, bolsas de cocaína começaram a chegar no litoral da Bahia e Espírito Santo, sendo encontradas pela população local. Ao menos 17 bolsas náuticas intactas, carregadas com 442 quilos de cocaína, foram recuperadas.
As investigações apontam que a organização criminosa tentou exportar para os continentes africano e europeu ao menos 6,5 toneladas de cocaína ao longo de um ano. As provas que estão sendo coletadas pelos policiais federais auxiliarão na identificação dos financiadores da atividade criminosa, entre outros eventuais participantes.
Todos os investigados devem responder pelos crimes de tráfico internacional e associação para o tráfico, com penas somadas de 8 a 25 anos de prisão, além do perdimento dos bens utilizados nas ações criminosas ou adquiridos com o proveito destas.