A Polícia Federal abriu investigação preliminar para apurar um eventual acúmulo de cargos pelo atual diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino. Entre 2019 e 2020, segundo representação assinada pelo também delegado da PF Alexandre Saraiva, Maiurino ocupou cinco cargos públicos de forma simultânea. Entre os locais de lotação, o gabinete do ex-governador do Rio Wilson Witzel, um cargo de assessor na Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), uma função na Secretaria de Inteligência do Rio de Janeiro e outros dois órgãos.
Fontes da PF confirmaram ao portal R7 a instauração da diligência contra o diretor-geral da corporação. O objetivo é apurar se ocorreu algum tipo de irregularidade, tendo em vista que o acúmulo de cargos é vedado pela Constituição caso não haja compatibilidade de horário ou supere o valor do teto remuneratório (R$ 39.296,00, o equivalente ao salário dos ministros do Supremo). De acordo com a representação, o acúmulo dos cargos de Maiurino pode caracterizar “enriquecimento ilícito e improbidade administrativa”, caso o salário tenha superado o teto do funcionalismo.
Uma outra representação também solicitada por Alexandre Saraiva está em andamento na corporação. Dessa vez, o pedido é para que seja investigada a compra de um apartamento de luxo em Miami, nos Estados Unidos, por Maiurino. O imóvel, adquirido em 2016, custou U$ 685 mil (R$ 3,5 milhões). O policial quitou o apartamento em 16 vezes.
Paulo Maiurino ocupa o cargo de delegado de classe especial, cujo salário bruto é de R$ 31 mil. Com a aplicação de impostos e deduções, o líquido recebido pelo delegado é de cerca de R$ 25 mil por mês.
Além do valor para quitar o apartamento, moradores dessa região de Miami são taxados em cerca de R$ 66 mil por ano a título de imposto de propriedade de imóvel. O imóvel fica no Condomínio Peloro, área nobre com vista direta para as águas do Canal Sul de Miami.
Assim que o caso veio à tona, a Polícia Federal informou que “o patrimônio, bem como todas as movimentações financeiras realizadas por ele [Paulo Maiurino]” foram devidamente informados nas declarações de imposto de renda apresentadas à Receita Federal do Brasil, “com acesso autorizado à Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União”. Procurada para se manifestar sobre a nova diligência, a PF afirmou que “não comenta investigações em andamento.”