Centenas de pessoas estiveram na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), nesta segunda-feira, no primeiro dia de mutirão de atendimento para regularização de residência de imigrantes no Brasil. Servidores e funcionários da Polícia Federal atendem, até a próxima sexta-feira, dia 26, estrangeiros que tiveram a documentação cadastradas previamente por instituições e entidades de apoio.
Para a família Ruiz, composta de um casal e dois filhos, por exemplo, o dia era de começar “uma nova vida”. Refugiados vindos da Venezuela, Keila Ruiz e os familiares dizem jamais ter conhecido um país livre antes de pisarem em Esteio, cidade onde residem hoje. “As coisas no nosso país não mudaram de um dia para o outro, mas aos poucos. Eu e meu marido já não sabíamos mais o que era comer e andar pelas ruas sem medo, sem temer pela nossa própria vida. Nós já estávamos acostumados com a fome, com a falta de dignidade, saúde e educação. Nosso sonho era que nossos filhos conhecessem o que é a liberdade e nós a encontramos aqui, no Brasil”, relembra.
Keila chegou no ano passado ao Rio Grande do Sul e, rapidamente, após uma bateria de exames, feitos através do Sistema Único de Saúde (SUS), teve diagnosticado um quadro de anemia grave que superou com a ajuda de voluntários, instituições sociais e, em especial, da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos de Esteio (SMCDH). A Pasta transportou, nessa segunda-feira, 160 venezuelanos que vivem na cidade até Porto Alegre, onde puderam, no primeiro dia de mutirão, regularizar os vistos de imigrantes.
O superintendente regional da PF no Rio Grande do Sul, delegado Aldronei Rodrigues, disse que a expectativa do órgão é atender os 900 pedidos em aberto, já processados, e que dependem apenas do registro de dados sensíveis, como a assinatura e as impressões digitais do solicitante. “A nossa intenção com o mutirão é possibilitar uma vida completa e digna para essas pessoas. Através da emissão dos documentos aqui, os imigrantes poderão buscar vagas de emprego fixas e temporárias, que surgem no fim de ano, e ainda especializações e cursos profissionalizantes”, completa Rodrigues.
O delegado Eduardo Tavares, chefe da Delegacia de Polícia de Imigração, relembra que quem ainda não teve a documentação previamente analisada deve buscar uma das instituições parceiras da PF para orientações ou, ainda, a Superintendência Regional da Polícia Federal (av. Ipiranga, nº 1365), a fim de obter mais informações.
“O Brasil é um país irmão/amigo de várias nações e há mais de 200 vistos que podem ser solicitados e emitidos. Cada caso deve ser analisado com cuidado e exige diferente documentação”, finaliza.
Além da Ufrgs e da Organização Internacional para as Migrações (OIM/ONU), o mutirão conta com apoio das prefeituras de Cachoeirinha, Canoas, Esteio e Santo Antônio da Patrulha, entre outras entidades.