A Executiva Estadual do Cidadania expulsou, na noite desta segunda-feira, o deputado estadual Fernando Cury do quadro de filiados do partido. A decisão se deu por recomendação do Conselho de Ética da sigla, embasada no caso de importunação sexual contra a também deputada estadual Isa Penna (PSOL), ocorrido há quase um ano.
Em 21 de dezembro de 2020, as câmeras do circuito interno da Assembleia Legislativa de São Paulo flagraram o parlamentar colocando as mãos na lateral do corpo da deputada, na altura dos seios. Ela, por estar de costas pra ele, não pôde impedir o movimento. Punido internamente na Casa, Cury ficou suspenso das atividades parlamentares por 180 dias.
A decisão interna do partido, apesar de tomada com ampla vantagem, demorou quase dez meses para alcançar consenso. Assinado por Alisson Luiz Micoski, titular do Conselho de Ética do Cidadania, o parecer pela expulsão é de 10 de janeiro. Nesta noite, com o quórum necessário para o prosseguimento da reunião, o documento recebeu 27 votos favoráveis à expulsão e apenas três contrários. Cury segue como deputado até o fim do mandato ou de outra decisão diferente da Alesp. A expulsão do partido não implica nenhum tipo de cassação.
Cury ainda responde pela acusação de importunação sexual apresentada pelo Ministério Público de São Paulo. Ele já é réu no processo, que aguarda as considerações da defesa.
O parlamentar alega que a aproximação se deu como um gesto de gentileza mal interpretado e inadequado, mas nega que tenha cometido crime.
Nesta segunda, o parlamentar afirmou em nota que o partido age com o objetivo de criar um “fato político” e que optou por não esperar os prazos dos recursos na ação judicial. Disse ainda considerar o desligamento antidemocrático.
Veja a íntegra da nota divulgada pelo deputado:
Em relação à reunião marcada pelo Cidadania hoje para oficializar meu processo de desligamento do partido, venho por esta nota afirmar que, no meu entendimento, esse processo está, mais uma vez, atropelando o devido processo legal para criar um fato político.
Não há o intuito de se fazer justiça pois, caso fosse essa a intenção, aguardariam o término dos prazos dos recursos na ação judicial para dar andamento a este processo.
Temos uma apelação para ser julgada e também um agravo de instrumento para ser apreciado. O Cidadania apresentou as contra razões da minha apelação, mas querem fazer uma manobra criando um fato político para me expulsar antecipadamente, antes do julgamento desta.
Caso o TJDF entenda que a competência é do Conselho de Ética Estadual, e não Nacional do Cidadania, minha expulsão será cancelada. Outro fato importante é que o Sr. Roberto Freire, presidente do Partido, estaria impedido por já ter pré-julgado o caso. Reforço que o partido busca apenas um fato político, pois a justiça ainda nem declarou minha sentença.
Ajudei o Cidadania, na ampliação e representação no interior de São Paulo, o partido cresceu e hoje tem relevância no cenário político estadual e não somente na capital e grande SP. Espero, por respeito, que ao menos seja julgada minha apelação e também o agravo de instrumento antes que esse jogo de cartas marcadas vire um fato político. Reforço que o processo de desligamento é antidemocrático. Acredito na justiça e, assim que o TJDF reverter a decisão do partido, buscarei minha reparação.