O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, classificou como “de evidente uso político” o episódio divulgado por uma reportagem da Folha de S. Paulo de que, em janeiro, solicitou ao governador paulista, João Doria, o adiamento do início do processo de vacinação contra o coronavírus no Brasil.
“Este novo uso eleitoral e político da vacina é absolutamente indevido. Novamente, vemos a tentativa de usar a vacina como instrumento político. (Isso) não é apenas injusto, é imoral, é oportunista, é antiético, além de mesquinho. Nitidamente está também vinculado a uma perspectiva de vitória nas prévias do PSDB”, disse o tucano.
Conforme a Folha, Leite telefonou para Doria, em 15 de janeiro, para repassar uma manifestação do então chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, em defesa da coordenação nacional do processo de vacinação, com um pedido de adiamento. Nesta quinta, Leite disse que Ramos o procurou, na ocasião, para evitar um novo estresse político, já que a população brasileira “clamava” pelo início da campanha. Mesmo com a intercessão do governador gaúcho, São Paulo começou o processo antes do restante do país.
“Eu tenho minhas diferenças. Eu até mostrei para vocês a minha manifestação pública (um tweet do dia 19 de janeiro de 2021) registrando indignação com a negação à ciência por parte do governo federal e do presidente da República. Eu sempre fui marcado pelo diálogo, por construir pontes para atender às necessidades da população, e não simplesmente ficar fazendo manifestações com palavras de ordem com adjetivos que rendessem grande repercussão na imprensa, e ainda mais estressamento político que já prejudicava a evolução, o avanço da pandemia no Brasil. Talvez, por isso, o ministro tenha identificado em mim um canal”, explicou.
O governador gaúcho também enxerga que a divulgação desse episódio, assim como o do pedido de adiamento das prévias do PSDB, surgiram como uma tentativa de tentar prejudicá-lo politicamente, já que vem ganhando força tanto internamente quanto externamente para as eleições a presidente da República.
“Até pela maneira de como foi divulgado. Insisto, não houve pedido de adiamento. Nem a pergunta, nem as respostas que estão apresentadas na entrevista da Folha de S. Paulo corroboram qualquer tipo de afirmação nesse sentido. É evidente o uso político, tanto internamente, para tentar dificultar um caminho que se apresenta de que lideramos as prévias, e fora do PSDB por aqueles que se interessam que o PSDB tenha uma candidatura menos competitiva. E é nítido que isso acontece e está apresentado na diferença de rejeição a cada um dos candidatos”, pontuou.
No próximo domingo, o PSDB decide qual o nome vai representar o partido nas eleições presidenciais de 2022. Além de Leite e Doria, o senador Arthur Virgílio disputa o processo interno da sigla. O resultado é esperado para o fim da tarde.