O comando do PL já se prepara para a debandada de correligionários que fazem oposição a Jair Bolsonaro e de líderes regionais, que terão prejuízo em alianças se o presidente, de fato, assinar a ficha de filiação da legenda. O momento é de intensas conversações para o “manejo dos danos”. Mas o partido está disposto a enfrentar as dificuldades para abrigar a candidatura à reeleição de Bolsonaro, capaz de ampliar de forma expressiva o número de cadeiras da legenda no Legislativo e turbinar o acesso ao fundo partidário.
Enquanto prosseguem as articulações internas, interlocutores privilegiados foram encarregados de convencer o presidente Bolsonaro do cenário de risco que se aproxima: desistir do PL pode deixar o partido à deriva, inclusive para apoiar Lula (PT) e Sergio Moro (Podemos), de acordo com a conveniência regional.
O leque de opções do presidente também vai ficando menor. Optar por um partido nanico, ainda menor que o PL, deixa Bolsonaro sem a capilaridade nacional necessária e o obriga a gerar uma ampla estrutura para viabilizar a campanha. Partidos do Centrão, como PP e PRB, se dividem, regionalmente, com grau de complexidade ainda maior que o PL.
O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, está disposto a aguardar o resultado das prévias do PSDB, previstas para este domingo, para desatar o principal nó: a promessa de apoio do PL à candidatura de Rodrigo Garcia, que Doria deseja emplacar no Palácio dos Bandeirantes. O pré-candidato, no entanto, registra desempenho muito aquém dos concorrentes, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad – o que não anima o PL a trocar Bolsonaro por Garcia.
*Com informações da colunista Christina Lemos