Bolsonaro admite procurar outros partidos: “Tenho limite”

Para se filiar ao PL, Bolsonaro quer que legenda apoie a candidatura de Tarcísio de Freitas a governador de São Paulo

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após o adiamento da filiação ao Partido Liberal (PL), Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira, que a decisão de ir para a legenda está “99% acertada”. Porém, o presidente da República pontuou que ainda conversa com outros partidos: “Tenho um limite”, afirmou.

Bolsonaro aguarda o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, retirar o apoio do partido à candidatura de Rodrigo Garcia ao governo de São Paulo. O chefe do Executivo Federal negou ter tido qualquer desentendimento com o representante do partido.

“Eu não sei como é que divulga que eu teria trocado ofensas como o Valdemar Costa. Eu nem conversei com o Valdemar por telefone”, disse Bolsonaro em Dubai, onde participa da Expo 2021. Segundo o mandatário, houve, entretanto, uma troca de mensagens pelas redes sociais, quando ficou decidido adiar a filiação até que o PL desvincule apoio a Garcia, vice de João Dória, um dos principais oponentes políticos de Bolsonaro para as eleições de 2022. Bolsonaro defende que o candidato apoiado por ele, em São Paulo, seja o atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

O acerto anterior previa Tarcísio concorrendo ao cargo de senador, por Goiás, livrando Bolsonaro para apoiar outro candidato ao governo de São Paulo, que não Garcia. Diante do impasse, a filiação acabou adiada. “Não adianta a gente começar um casamento com coisas pendentes, tá?”, disse o mandatário.

“A possibilidade existe. Como eu disse pra você, eu tenho um limite. O Republicanos também continua conversando comigo agora depois desse caso”, completou. Ainda assim, a expectativa é continuar com o acordo junto ao PL.

Apesar do prazo até março, o mandatário não quer mais adiar a filiação, a fim de lançar a campanha à reeleição de forma mais decisiva e conseguir apoiar candidatos a prefeitos, deputados e senadores. “Acertando um partido bem ajustadinho”, Bolsonaro pretende trazer ao PL aproximadamente 90 candidatos do então PSL e do antigo DEM. “A gente pode chegar aos 90 parlamentares com propósito de tocar o Brasil, votar conosco as matérias importantes que estamos apresentando e temos dificuldade nessas aprovações aí.”

Aos jornalistas, Bolsonaro citou, por exemplo, o impasse envolvendo a PEC dos Precatórios, que enfrenta resistência para passar no Senado. “Nós tínhamos previsto pagar em torno de R$ 30 bilhões no ano que vem e passou para quase R$ 90 bilhões. Essa diferença tem que entrar no teto”, defendeu, afirmando que o Supremo Tribunal Federal (STF) “de repente falou que nós, eu, Jair Bolsonaro, tinha que pagar de uma vez só” dívidas de 30 a 40 anos atrás.

“O que a gente espera é que seja aprovada”, disse o presidente, afirmando que a alternativa de parcelar a dívida possibilita não romper o teto de gastos e atender aos mais necessitados, se referindo ao Auxílio Brasil. Se a PEC passar, o governo promete entregar R$ 400 a 17 milhões de famílias em 2022. Com o espaço fiscal aberto, Bolsonaro ainda apresentou a possibilidade de “atender, em partes, os servidores”.