Entidades contestam importação de farinha de trigo transgênico

Abitrigo diz que a decisão foi tomada sem estudos de mercado

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Lideranças do setor de trigo se manifestaram contrárias à aprovação, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), da importação de farinha produzida com o cereal transgênico da argentina Bioceres. Em comunicado, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) diz que a decisão foi tomada sem estudos de mercado e de comportamento do consumidor e que pedirá a convocação do Comitê Nacional de Biossegurança.

O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado, Rogério Tondo, adianta que a entidade apoiará a Abitrigo. “Os consumidores precisam ser convencidos de que há segurança, de que é um benefício para a sociedade”, argumenta. Para o coordenador da Câmara do Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, a decisão “vem contra os interesses de toda a cadeia produtiva, que está organizada (em torno) de trigo não transgênico”.

A variedade do cereal geneticamente modificado avaliada pela comissão é a HB4, aprovada para cultivo na Argentina em outubro do ano passado – país de onde os moinhos brasileiros adquirem cerca de 85% do cereal que importam. O pedido para importação e comercialização de trigo transgênico foi feito pela empresa de sementes Tropical Melhoramento & Genética (TMG) e protocolado em processo em 28 de março de 2019.

Nesta quinta-feira (11), em decisão unânime, a CTNBio decidiu liberar a venda de farinha com trigo HB4. Este será o primeiro produto com trigo geneticamente modificado comercializado no mundo. Tolerante à seca e resistente ao glufosinato de amônio, a variedade foi liberada sob o argumento do “aumento de produtividade em situações e ambientes de baixa disponibilidade hídrica.