Orçamento secreto: vice-presidente da Câmara propõe transparência

Após decisão da ministra Rosa Weber, Marcelo Ramos apresentou projeto para dar publicidade aos nomes dos parlamentares que indicaram valores

Ramos apresentou um projeto de resolução que visa dar mais transparência às emendas do relator do Orçamento. Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), apresentou um projeto de resolução que visa dar mais transparência às emendas do relator do Orçamento, apelidadas de orçamento secreto. O termo é usado em razão da dificuldade em rastrear de onde partiram as indicações, diferentemente das emendas individuais, de bancada e de comissões.

A ideia é alterar a resolução número 1 do Congresso Nacional. Conforme o texto de Ramos, fica acrescido um trecho apontando que “as emendas apresentadas pelo relator-geral ao projeto de lei orçamentária anual, exceto quando se prestem a corrigir erros, omissões ou inadequações de ordem técnica ou legal, deverão conter o objeto da emenda, a identificação do solicitante das alterações na programação orçamentária, bem como do beneficiário final da aplicação dos recursos.”

Segundo o projeto, “quando a seleção do beneficiário ocorrer durante a execução orçamentária, ficará a cargo do órgão executor a disponibilização das informações para acesso público”.

A ação do deputado decorre da decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, que suspendeu o pagamento das emendas a pedido dos partidos Psol, Cidadania e PSB.

A oposição na Câmara dos Deputados sustenta que o governo liberou emendas do relator para conseguir votos suficientes a fim de garantir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios em primeiro turno. A votação em segundo turno ocorre na tarde desta terça-feira no plenário da Casa.

A liminar da ministra está em votação no plenário virtual, com os quatro primeiros votos a favor da decisão. Em um dos votos, a ministra Cármen Lúcia considera que “a utilização de emendas orçamentárias como forma de cooptação de apoio político pelo Poder Executivo, além de afrontar o princípio da igualdade, na medida em que privilegia certos congressistas em detrimento de outros, põe em risco o sistema democrático.”