O presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal, em Brasília, na noite de quarta-feira. O chefe do Executivo foi ouvido por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que investiga se ele interferiu na corporação.
O R7 teve acesso à íntegra do depoimento. O presidente respondeu todas as perguntas feitas pela PF. Ele disse que indicou pessoalmente, ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o nome de Alexandre Ramagem para diretor-geral da corporação.
De acordo com Bolsonaro, ele recomendou a troca no comando da PF por suspeitar de vazamentos para veículos de imprensa de informações sigilosas de investigações em andamento. O inquérito foi aberto após declarações do ex-ministro Sergio Moro. Ele alegou que Bolsonaro teria tentado interferir nos trabalhos da corporação.
Moro citou uma reunião ocorrida no Palácio do Planalto, em 22 de abril do ano passado. Na ocasião, o que teria chamado a atenção de Moro teria sido a afirmação “vou interferir”, dita pelo presidente. No depoimento, Bolsonaro alegou que em nenhum momento citou interferência nos trabalhos de investigação.
Sobre a frase, o chefe do Executivo disse que estava tratando da sua segurança pessoal e de sua família. O teor da oitiva está com o ministro Alexandre de Moraes. A partir de agora, Moraes pode tomar as decisões finais sobre o caso. O depoimento do presidente era a última diligência prevista.
Questionado sobre declarações sobre possível interferência na PF do Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que tinha preocupações com a integridade de sua família, especialmente com o filho Carlos Bolsonaro, que é vereador no estado.
O chefe do Executivo afirmou ainda que sugeriu a Moro a troca de superintendente no Rio, pois avaliava que, “talvez”, o delegado Ricardo Saad não teria autonomia suficiente para tomar decisões necessárias. Bolsonaro disse que considera o Rio um estado complicado, que necessitava de maior atenção.