O presidente da República, Jair Bolsonaro, divulgou nas redes sociais um vídeo editado com trechos de uma conversa informal com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhano, que ocorreu no domingo (31) durante os encontros da cúpula do G-20, em Roma, na Itália. Na publicação, ele afirma que a OMS não recomenda a vacinação contra a Covid-19 para crianças e cobra que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, emita uma nota para ser enviada aos prefeitos e governadores.
“Nós temos que ter uma nota neste sentido dizendo que a OMS não recomenda vacina para crianças porque há prefeitos e governadores que receberam poder do Judiciário para decidir”, enfatizou Bolsonaro, se dirigindo ao ministro da Saúde.
A declaração do presidente veio após Tedros ressaltar que a OMS precisa de mais evidências sobre o uso das diferentes vacinas contra Covid-19 em crianças. O diretor-geral da organização destacou que as recomendações gerais de imunização para esse público só poderão ser feitas quando houver mais “segurança dos dados”.
Bolsonaro aproveitou a ocasião para reafirmar a sua posição contrária ao passaporte da vacina e questionar a OMS sobre o tema. Tedros reiterou que, por enquanto, a organização mundial não é favorável à medida, que pode soar como discriminatória em países com baixas taxas de imunização.
Durante a conversa, os líderes reafirmaram o compromisso do Brasil com pesquisas e a produção de vacinas. No Twitter, Bolsonaro confirmou a criação no país da primeira unidade da Universidade de Oxford para pesquisa e educação nas Américas. A carta de intenção foi assinada por Marcelo Queiroga na última quarta-feira (27).
A previsão é de que a universidade seja instalada até o próximo ano. De acordo com o governo federal, o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio de Janeiro, é candidato a sediar as atividades no país.
– No G-20, uma conversa com o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanon.
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— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 31, 2021
‘É a política’
O presidente afirmou ao diretor-geral da OMS que é o único “chefe de Estado do mundo investigado e acusado de genocida”. “É a política. Alguns queriam que eu comprasse 200 milhões de doses em 2020. Não tinha vacina”, continuou.
Entre risos e gargalhas, o ministro Queiroga, que também participou da conversa informal, completou: “eu também. Vou com ele (Bolsonaro) pra Haia, passear por lá”.
Haia é uma cidade no sul da Holanda, onde se situa o Tribunal Penal Internacional (TPI), popularmente conhecido como “Tribunal de Haia”, que julga indivíduos por crimes de guerra, contra a humanidade, genocídio e agressão. A fala de Queiroga se refere a essa corte internacional.