Liminares judiciais em diversas regiões do Brasil proíbem eventuais bloqueios em rodovias federais por conta da anunciada paralisação dos caminhoneiros, marcada para esta segunda-feira. No Rio Grande do Sul, a justiça determinou a desocupação de vias que se interliguem com a refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, a partir de um pedido pela Advocacia-Geral da União (AGU). Ainda assim, as entidades que convocaram a mobilização mantém o estado de greve.
Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) lideram o movimento pela paralisação, reivindicando um controle dos preços praticados pela Petrobras e o cumprimento de valores mínimos de frete. O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou, por unanimidade, o congelamento do valor do ICMS cobrado nas vendas de combustíveis por 90 dias. Mas, a decisão, que pretendia inibir uma eventual greve, não sensibilizou representantes das entidades, que dizem prosseguir com a ideia da greve.
“O governo federal tinha marcado uma reunião com a gente e cancelou. Demos um prazo até este domingo para que pudessem nos dar uma resposta concreta, o que não esperamos que ocorra”, contou o diretor da CNTTL e presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí-RS (Sinditac), Carlos Alberto Litti Dahmer. Ele reconhece que, apesar da mobilização em nível nacional, não é possível prever qual a adesão à greve. “É uma categoria diferente, não é pautada por uma assembleia que define o que vamos fazer. Eu sei que eu estarei mobilizado e daqui a pouco já vou para o trevo entre a BR-285 e RS-342, em Ijuí. A partir da meia-noite de segunda-feira já não ligarei o caminhão”, adiantou, ainda na manhã deste domingo.
Litti lembrou que a política de preços dos combustíveis não afeta apenas a categoria, mas a toda população. O presidente do Sinditac comentou, ainda, a decisão judicial proferida neste final de semana obtida pelo governo federal. “Nesses anos todos em que estou no movimento, nunca vi uma liminar a nosso favor. É uma forma do Estado querer intimidar. Mas é importante lembrar que, no dia 7 de setembro, houve uma grande mobilização nacional, chamada pelo presidente da República, inclusive, e não vi nenhum interdito proibitório. Agora, quando os trabalhadores querem sair em busca dos seus direitos, que são negados, não pode”, destaca o dirigente.
As centrais sindicais anunciaram apoio ao movimento, mas a paralisação não é consenso na categoria. Por nota, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do RS (Fecam-RS) declarou que segue a mesma posição da maioria dos sindicatos filiados que são contrários à greve. “A entidade não recomenda a participação nesse movimento por ter da categoria o não reconhecimento da pauta nem das lideranças que conduzem”, diz o texto.
Segundo a entidade, “o declarado ‘Estado de Greve’ é responsabilidade pessoal do deputado Nereu Crispim (parlamentar gaúcho do PSL, presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas na Câmara dos Deputados) e de quem mais declarou isso à imprensa”. Para a Fecam-RS, “quem toma as decisões sobre esse assunto não são lideranças e nem entidades, mas o livre arbítrio da categoria, que ao participar de um movimento assume a responsabilidade pelas suas consequências, sejam elas boas ou negativas”, completa a nota.