Imagem imponente erguida há mais de 60 anos, a estátua do Laçador, hoje, repousa em um galpão na zona norte de Porto Alegre. Depois de quase uma década no bairro São João e mais 14 anos nas proximidades do aeroporto internacional Salgado Filho-Porto Alegre Airport, na BR 116, a escultura de bronze do artista plástico pelotense Antônio Caringi, que teve como modelo o tradicionalista Paixão Côrtes, passa por um processo de restauração que completou um mês e deve durar até o fim do ano.
No momento, o símbolo, patrimônio histórico da Capital, de 4,80 metros de altura e 3,8 toneladas, passa por reforço estrutural em aço inoxidável no seu interior. A estrutura deve chegar até a altura dos ombros do monumento, um pouco abaixo do pescoço. A mudança trará mais segurança à estátua devido à exposição ao tempo e condições climáticas.
Segundo a coordenadora geral do projeto, arquiteta e urbanista Verônica Di Benedetti, é um trabalho minucioso que passará, ainda, por algumas etapas. “Foram anos pegando sol e chuva, mais a trepidação por conta dos veículos passando ao lado, isso foi trazendo fissuras e rachaduras, estressando o material”, conta.
Após a colocação da estrutura interna, o Laçador, atualmente deitado, será erguido por um guindaste que o deixará ereto na próxima semana. “Será a etapa de limpeza com microjateamento com endocarpo, pó da casca do coco, um material vegetal que não danifica e tira as oxidações. Nosso trabalho é interromper o processo de degradação da estátua. A partir de agora, as ações do tempo serão amenizadas. Com isso, a vida útil do monumento dobrará”, explica Verônica. A arquiteta revela emoção com o trabalho de um símbolo como o Laçador. “Nunca vi tanto envolvimento afetivo como neste caso. No dia da remoção, as pessoas diziam ‘cuida dele, viu?’”, relembra.
O prefeito Sebastião Melo visitou, nesta sexta-feira, o galpão onde o monumento é restaurado. “Estamos entusiasmados em transformar o Sítio do Laçador em um espaço vivo. Três empresas assumiram o compromisso de adotar o local para, talvez, colocar uma cafeteria ou quem sabe um belvedere”, adiantou o prefeito.
Uma vistoria em 2017 do restaurador francês Antoine Amarger e da engenheira metalúrgica Virgínia Costa, por meio do Projeto Construção Cultural – Resgate do Patrimônio Histórico, identificou a necessidade da restauração.
O valor total do projeto é de R$ 900 mil. Desse valor, R$ 810 mil foram viabilizados pelo Sindicato dos Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) e pela Associação Sul Riograndense da Construção Civil, pelo programa Pró Cultura – Lei de Incentivo à Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e R$ 90 mil através de aporte financeiro da Prefeitura de Porto Alegre. O restauro do Laçador virará um livro e dois documentários.