Bolsonaro: absorventes podem ter verbas da Saúde e Educação

'É só o Parlamento derrubar o meu veto que a gente vai arranjar recursos, nos ministérios da Saúde, da Educação ou dos dois', disse

| Foto: Alan Santos / PR

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode tirar verbas de áreas como a saúde e educação caso o Congresso Nacional derrube o veto dele ao projeto de distribuição gratuita de absorventes. A declaração ocorreu durante a live semanal desta quinta-feira.

“Nada tem distribuição gratuita. Teve um projeto sim, para distribuir absorventes para mulheres pobres, estudantes e outras aí do sistema prisional. Mas quando chega na minha mesa, tenho que seguir as diretrizes dos ministérios. Qualquer projeto que crie despesa tem que apresentar de onde vem o dinheiro. É só o Parlamento derrubar o meu veto que a gente vai arranjar recursos, nos ministérios da Saúde, da Educação ou dos dois”, disse.

A polêmica vem da lei que cria o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, que Bolsonaro sancionou, mas vetou o principal ponto, que previa a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda de escolas públicas, mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade social, detentas e adolescentes apreendidas cumprindo medida socioeducativa.

“No passado, Dilma e Lula vetaram projetos semelhantes. Haddad já vetou a distribuição gratuita de absorventes. Eu fui ver o motivo e foi o mesmo que o meu”, declarou.

O projeto determina que as despesas da distribuição sejam providas por dotações orçamentárias disponibilizadas pela União ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira as principais declarações da live:

Agronegócio

“Tiramos dinheiro de ONGs que iam para o MST. Hoje, esse grupo terrorista não tem esse recurso. Demos também a posse estendida [de arma] para o produtor rural, que agora vale para todo o perímetro da sua propriedade. O fazendeiro pode andar armado em toda a sua área. O monopólio para a bandidagem comprar fuzil acabou. Também reduzimos a ‘multagem’ no campo, isso ajuda o produtor. Não se pode multar por multar o homem do campo. Isso prejudica o agronegócio. Não demarcamos quilombolas nem terras indígenas. Agora, se esse Marco Temporal passar, teremos problemas seríssimos. Vai anular mais dezenas de milhões de áreas produtivas. Isso prejudica agronegócio, cria insegurança alimentar. Uma outra área indígena é exagero”.

Barrado em jogo

“A imprensa diz aqui: ‘Bolsonaro é barrado no estádio do Santos’. Eu estou aguardando uma foto minha na Vila ou próximo de lá. Eu não fui barrado. Por que essa mentira? O que eu comentei lá no Guarujá? Perguntaram se eu ia ao jogo e eu disse que não, porque estavam cobrando passaporte de vacina. […] Fui multado em Peruíbe, São Paulo. Estava tomando caldo de cana, sem máscara, porque é difícil tomar caldo de cana e comer pastel com máscara, e tinham várias pessoas ali fazendo a mesma coisa. Fiquei sabendo pela imprensa que fui multado. Perguntei para o prefeito quantas pessoas foram multadas naquele dia. Parece que só fui eu. É perseguição ou não é?”.

Lobby farmacêutico

“A Astrazeneca e a Pfizer estão lançando um comprimido para você não ter o vírus. Aquele outro da caixa azul que eu não posso falar o nome, resolve. Aquele do piolho, também. Mas o problema é que é barato. Me acusaram de lobby, mas é um remédio barato. Vamos ver o preço desses novos aí. [Deve ser] 500 mil a caixinha. Vai combater a mesma coisa que o nosso [remédio] brasileiro, que é usado para combater piolho. Tem muita gente no Brasil a serviço da indústria farmacêutica. […] Quem contraiu o vírus, como eu, adquiriu anticorpos. Será que é um lobby das vacinas? Interesse das indústrias que estão faturando milhões? Estudos dizem que quem contraiu o vírus e se curou, de nada vale a vacina. Será que prefeitos estão obrigando o passaporte para apoiar o lobby das indústrias? Não estou acusando, estou levantando dúvidas. Qual a chance de uma criança contrair o vírus e morrer? A chance de não morrer é 99,9 alguma coisa. Parece que é o lobby da vacina, porque duas doses da CoronaVac custam 20 dólares”.

Armamento

“Pátria amada não é pátria armada. Deu a entender que ele [Dom Orlando Brandes] disse isso na minha cara. Na missa em que eu estava, ele não disse. Mas pergunto: o que usam os seguranças do Papa? Usam flores ou armamento pesado? É direito dele ser desarmamentista, como já conheci militar das forças armadas desarmamentista. Não houve uma palavra do Dom contra a minha pessoa quando estive na missa. Respeito as críticas, mas se não gosto de andar a cavalo, não vou proibir ou criticar quem anda. Arma mata, mas o carro pode matar, o médico pode matar, o militar também pode. Arma na mão de pessoa errada ou um médico mal formado matam”.

Inflação

“A inflação é do mundo todo. É a consequência do fique em casa. Eu posso ter sido o único chefe de Estado a defender isso. Na Argentina, o governo congelou o preço de 1.200 produtos. Talvez seja o país que tenha decretado o maior lockdown do mundo. Você acha que aquele cara que ficou em segundo lugar em 2018 não teria feito a mesma coisa aqui no meu lugar? Um lockdown nacional. O destino da Argentina vai ser o mesmo da Venezuela. Agora, o Brasil é um dos países que menos está sofrendo em relação à economia. Vários países do mundo estão com desabastecimento, e a gente trabalhando desde lá de trás em relação a isso. Eu estimulei todos a trabalhar. Editei decreto dizendo o que era essencial. A própria OMS disse que não podia obrigar o cara a ficar em casa, porque ele não tinha geladeira cheia. A maioria dos informais trabalhava de manhã para comer de noite, mas muitos prefeitos e governadores colocaram eles em casa sem socorrer com auxílio. Graças a Deus fizemos o auxílio, que equivaleu a 13 anos de Bolsa Família. Eu zerei o imposto do gás de cozinha. Arranjei recursos, me virei. Por que os governadores do PT não fazem isso? O gás está caro? Então zera seu imposto”.