Guedes garante que declarou offshore e que polêmica é ‘barulho’

Segundo o ministro da economia, os investimentos foram feitos dentro da legalidade

Foto: Edu Andrade/Ministério da Economia

Mesmo não tendo sido questionado sobre o assunto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, usou o espaço da apresentação, em um evento virtual durante as reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), para defender os investimentos feitos em offshores. A manifestação ocorreu nesta sexta-feira.

Guedes sustentou não haver ilicitude na empresa que abriu nas Ilhas Virgens Britânicas, consideradas um paraíso fiscal. Disse, ainda, que os investimentos foram devidamente declarados à Receita Federal. Em 2019, antes de assumir o ministério, o economista informou sobre a offshore ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com valor inicial de aplicação de U$ 9,5 milhões.

A Comissão de Ética Pública recomendou a Guedes não atuar em interesse próprio, enquanto se mantiver à frente do Ministério, pelo fato de possuir a offshore. Agora, o órgão apura se houve descumprimento da orientação. Na reunião virtual, Guedes reiterou não ter feito movimentação de “trazer dinheiro do exterior, mandar dinheiro pra o exterior”.

Para ele, o assunto ganhou destaque em razão da proximidade das eleições. O ministro ainda defendeu que tudo além daquilo que ele vem afirmando não passa de “barulho”. “O resto é barulho, e acho que vai piorar quando formos para as eleições”, disse.

Repercussão negativa

Pesquisa do Instituto Realtime BigData encomendada pela Record TV mostra que 64% da população brasileira acredita que o presidente deve demitir o ministro da Economia. Para uma parcela ainda maior dos entrevistados (68%), Guedes perdeu as condições de permanecer no cargo, enquanto 64% disseram reprovar a gestão dele à frente do superministério.

O instituto ouviu mil pessoas de todas as regiões do país, por telefone, nessa quinta-feira. O levantamento trabalha com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%. De acordo com os dados, somente 21% dos entrevistados disseram avaliar positivamente a atuação de Guedes e 15% não souberam avaliar ou preferiram não responder.