Empresários que vendiam “kit intubação” até 13 vezes mais caro são alvo do MP

Investigados também são alvo da CPI dos Medicamentos, da Assembleia

Suspeitos estão na mira das autoridades desde abril. Foto: Ministério Público do Rio Grande do Sul/Divulgação

Três empresários, investigados por sobrepreço nos medicamentos que compõem o “kit intubação” em meio ao pico da pandemia da Covid-19, são alvo de operação do Ministério Público (MP/RS) nesta quinta-feira (7). Os suspeitos estão por trás de duas distribuidoras diferentes, e teriam cobrado até treze vezes mais do que o valor médio dos fármacos.

O analgésico citrato de fentanila, por exemplo, chegou a sair por R$ 42,90 entre os meses de abril e maio deste ano – sendo que o teto estipulado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) era de R$ 5,73. Ou seja: neste caso, o sobrepreço foi de quase oito vezes o valor normal.

Em outra empresa, a mesma fórmula custou de R$ 49 a R$ 79 entre março e agosto – valor que supera em treze vezes o definido pelo órgão regulador. “São vários os casos de crimes contra a saúde pública, ordem econômica e popular em razão da prática de preços abusivos”, explica o secretário-executivo do Gaeco, João Afonso Silva Beltrame.

Os empresários, investigados desde abril, também estão na lista de alvos da CPI dos Medicamentos – encerrada nesta semana na Assembleia Legislativa gaúcha. Entre os clientes que adquiriram o “kit intubação” com sobrepreço estão hospitais, fundações e associações hospitalares, santas casas e prefeituras.

“Motivados pelo aumento do consumo e pelo receio de escassez de alguns destes produtos, empresas passaram a aumentar os lucros de forma arbitrária e abusiva, prejudicando consumidores, fornecedores de serviços de saúde e o próprio poder público”, pondera o coordenador do Núcleo Saúde do Gaeco, Marcelo Dossena dos Santos.

Lucro chega a R$ 2 milhões

O MP/RS estima que os investigados tenham lucrado até R$ 2 milhões com o esquema. Eles podem responder por crimes contra a saúde pública, a ordem econômica e popular e à prática de preços abusivos em vendas públicas. Caso continuem praticando o sobrepreço, as empresas serão multadas em até R$ 6 mil por unidade comercializada.