O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS) confirmou, nesta terça-feira (5), que ofereceu à Justiça uma denúncia contra o homem responsável pelo estupro e morte de Daiane Griá Sales, de 14 anos. A jovem era indígena, da etnia caingangue, e desapareceu em 31 de julho na cidade de Redentora, no Noroeste do Estado.
O corpo da vítima foi encontrado quatro dias depois, parcialmente despido, e com indícios dilaceramento na virilha. Segundo a Polícia Civil, ela foi sexualmente violentada e assassinada por um homem branco, de 33 anos. O MP/RS pede que ele responda pelos crimes de estupro de vulnerável e homicídio, com seis qualificadoras.
Para o órgão, são agravantes do caso o meio cruel com que Daiane foi morta, motivo torpe, dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima, feminicídio e o fato do assassinato ter como objetivo a ocultação do estupro. O denunciado teria demonstrado desprezo ao povo indígena, já que acreditou em uma reação passiva por parte dos caingangues.
“Ele estava procurando sua vítima em eventos sabidamente frequentados por jovens indígenas, havendo, inclusive, oferecido carona a outras garotas da mesma etnia. Esse fator foi determinante para que ela fosse objeto preferencial da escolha dele”, afirma o promotor de Justiça Miguel Germano Podanosche.
Investigação
A polícia deu o caso como encerrado em meados de setembro. Em coletiva de imprensa, o delegado Vilmar Alaídes Schaefer confirmou que o criminoso já estava preso, tendo sido considerado como suspeito desde o início das investigações. Um outro homem, dono do moletom que foi encontrado junto ao corpo de Daiane, chegou a ser detido.
Entretanto, ele foi liberado após provar que havia emprestado o agasalho à jovem, que sentia frio na noite em que foi morta. Eles participavam de uma festa de São João, nas proximidades da comunidade indígena onde ela morava. A vítima foi atraída ao carro do seu assassino, que a levou para um local ermo e de difícil acesso.
Um pedaço de corda foi encontrado próximo ao corpo de Daiane. A principal hipótese é de que o item tenha sido usado para asfixiar a indígena. Ao todo, 88 pessoas foram ouvidas ao longo da elaboração do inquérito que, agora, embasa a denúncia protocolada junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS).