Operação combate crimes no chamado “Golpe dos Nudes” em oito cidades do RS

Segundo a investigação, organização criminosa atuava em ao menos sete Estados

Foto: Polícia Civil / Divulgação

A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (30), operação de combate a crimes de extorsão e pornografia praticados através do chamado “Golpe dos Nudes”. A ofensiva, batizada de X-Con, cumpre mais de 100 ordens judiciais. Até as 8h20min, 20 pessoas já haviam sido presas.

De acordo com a investigação, a quadrilha atua em pelo menos sete estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins e Pernambuco. Em solo gaúcho, os crimes eram cometidos em Esteio, Porto Alegre, Canoas, Charqueadas, Montenegro, Novo Hamburgo, Alvorada e Viadutos.

A Delegada Luciana Bertolletti, titular da Delegacia de Esteio, afirma que a investigação durou cinco meses e desvendou uma organização com núcleo em Esteio e que atuava em todas as regiões do Brasil. Estão sendo cumpridos 44 mandados de busca e apreensão, 32 prisões preventivas, 25 quebras de sigilo bancário, um sequestro de imóvel, 12 sequestro de veículos e 32 bloqueios de contas bancárias.

Como funciona o golpe

O conhecido “golpe dos nudes” consiste em um primeiro contato ou por uma rede social ou pelo aplicativo WhatsApp, onde uma pessoa jovem e bonita instiga uma vítima a trocar mensagens de cunho sexual e fotos intimas. Na sequência, outra pessoa se apresenta como pai da jovem, dizendo que a filha é menor de idade e a conduta da vítima se amolda ao crime de pedofilia.

Para não denunciar e levar o fato ao conhecimento da polícia, o suposto pai exige depósitos em dinheiro. Na maioria das vezes, após o recebimento de valores, o criminoso continua exigindo dinheiro dizendo que haverá a necessidade de submeter sua filha a tratamento psicológico ou, ainda, exigindo o depósito de valores. Em um dos casos analisados na investigação, o golpista disse que precisaria de dinheiro para o enterro da adolescente que, em razão dos graves danos psicológicos sofridos atentou contra a própria vida, praticando suicídio.

De acordo com a polícia, é bastante comum também, nesses casos, a presença de uma quarta pessoa envolvida, que se apresenta como policial. Muitas vezes com fotos e nomes reais retirados das redes sociais, dizendo que está sendo registrada uma ocorrência, e que será expedido mandado de prisão contra a vítima, a deixando desesperada e fazendo com que deposite mais dinheiro aos golpistas.

O Diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana – 2ªDPRM, Delegado Regional Mario Souza destaca que o uso de artifícios como a imagem de autoridades com objetivo de aplicar golpes em pessoas tem que ser apurado. Souza destaca que “nenhum delegado, policial ou outra autoridade pede valores por mensagem de aplicativo ou qualquer outra forma.” Por fim ressalta que as pessoas devem denunciar e procurar a polícia em qualquer suspeita.