O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou nesta quinta-feira a volta do horário de verão, mesmo diante da maior crise hídrica no país. “O ministério fala pelo lado da economia de energia e o horário de verão não se faz necessário no que diz respeito a economia de energia”, afirmou, após a inauguração de usina térmica em São João da Barra (RJ).
Embora a avaliação seja de que a medida não gera benefícios para redução da demanda, o MME (Ministério de Minas e Energia) havia afirmado que seguia em análise estudo elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre a questão diante da crise de escassez hídrica no país.
O horário de verão, geralmente implantado a partir de outubro, deixou de vigorar no Brasil em 2019. Mas associações dos setores de alimentação, turismo e comércio vêm pedindo ao governo federal a retomada da medida.
Em documento enviado ao presidente Jair Bolsonaro no início de setembro, as entidades dizem que qualquer economia de energia é relevante diante da gravidade da crise hídrica que o país enfrenta, e que a adoção do mecanismo pode beneficiar esses setores.
O ministério disse ainda que vem estudando iniciativas para o deslocamento do consumo de energia elétrica dos horários de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos do país.
“Nesse sentido, a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno. Assim, no momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, explica a pasta em nota.
Histórico
Criado com a finalidade de aproveitar o maior período de luz solar durante a época mais quente do ano, o horário de verão começou a ser implantado no Brasil em 1931 pelo então presidente Getúlio Vargas e adotado em caráter permanente a partir de 2008.
No entanto, mudanças nos hábitos do consumidor e avanço da tecnologia reduziram a relevância da economia de energia ao longo dos anos – argumento usado pelo governo para extinguir a medida, em abril de 2019.
À época, estudo do Ministério de Minas e Energia apontou que não havia economia de energia tão relevante. Isso porque, como o calor é mais intenso no fim da manhã e início da tarde, os picos de consumo ocorrem nesses horários durante o verão, o que leva as pessoas a usarem mais o ar-condicionado.