Pesquisa aponta que 50% dos médicos sentem-se cansados e que pandemia impactou vida pessoal

Saúde mental pautou live do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul realizada nessa segunda-feira

Foto: Ricardo Giusti/CP

“Mais de 50% dos médicos sentem-se cansados, esgotados e sem prazer em suas atividades profissionais”, afirmou o coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Fernando Uberti, durante live realizada na noite de segunda-feira sobre os resultados da Pesquisa de Saúde Mental desenvolvida com médicos e estudantes de Medicina durante a pandemia da Covid-19.

De acordo com Fernando Uberti, o estudo entrevistou 647 pessoas. Dos 401 médicos entrevistados, além dos 50% que sentem-se cansados e esgotados, a pesquisa apontou que 30,4% responderam que a pandemia teve impacto psiquiátrico forte na vida pessoal, e outros 20,7% consideraram o efeito muito forte. Os acadêmicos responderam a mesma pergunta. Desses, 35,8% afirmaram que a pandemia teve um forte impacto psiquiátrico e outros 31,3% consideraram esse impacto muito forte.

“É nosso papel enquanto entidade representativa enfatizar as necessidade de autocuidado em saúde mental por parte de médicos e estudantes de medicina, muitas vezes negligenciada pela elevada exigência da profissão”, enfatizou Fernando Uberti.

Dificuldades e esgotamento mental
O coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Simers destacou a importância de mostrar a clara relação entre as dificuldades estruturais do sistema de saúde e o esgotamento mental do médico. Ele ressaltou ainda as dificuldades de infraestrutura, atraso em remunerações, politização da saúde e falta de meios. “A partir dos resultados da pesquisa, nós demos início à campanha de valorização dos profissionais. E seguiremos atuantes em defesa da categoria e da saúde mental”, afirmou Uberti.

Já entre os estudantes de Medicina que participaram do estudo, 81,7% disseram sentir-se esgotados e sem prazer, e 50% informaram usar alguma medicação psiquiátrica com regularidade.

Também presente na live, o diretor de projetos especiais do Simers e integrante do Núcleo Acadêmico, Vinícius de Souza, falou sobre a pressão entre os jovens que, muitas vezes, saem da faculdade com dívidas provenientes das altas mensalidades cobradas pelos cursos de formação.