Base pede convocação de ex-médicos da Prevent para a CPI

Advogada de 12 médicos que denunciaram a operadora não citou nome de clientes

Foto: Pedro França/Agência Senado

Senadores da base governista que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 querem a convocação de médicos desligados da Prevent Senior para averiguar a declaração do diretor-executivo da empresa, Pedro Batista Júnior, de que dois ex-funcionários envolvidos nas acusações supostamente manipularam dados da operadora. A advogada Bruna Morato, defensora de 12 médicos que denunciaram a Prevent por ocultar mortes por Covid-19 e realizar experimentos sem autorização, garante serem verdadeiras as informações repassadas pelos clientes à Justiça.

Morato disse em depoimento, nesta terça-feira, ter certeza de que não houve manipulação de dados na planilha de pacientes que participaram do “estudo” do uso da cloroquina. A droga nunca teve comprovação científica de eficácia no combate à doença.

A acusação de alteração de informações havia sido feita na semana passada por Batista Júnior, que prestou depoimento à CPI. Segundo ele, dois médicos roubaram os dados após serem desligados e adulteraram a planilha para prejudicar a Prevent Senior, a fim de “fabricar” denúncias contra a empresa.

A Prevent Senior é alvo de denúncias encaminhadas à CPI por médicos que trabalharam na operadora durante o período mais agudo da pandemia e que são representados pela advogada Bruna Morato. O senador da base Marcos Rogério (DEM-RO) chegou a perguntar a Bruna se os dois médicos citados pelo diretor da Prevent faziam parte do rol de clientes, mas a empresa não repassou a informação por questões de sigilo profissional.

“Para que não se crie nessa comissão a inovadora figura de testemunha por procuração, requeiro a convocação para que sejam ouvidos os médicos George Joppert Netto e Andressa Fernandes Joppert. E que, então, como testemunhas, falem diretamente a esta CPI sem intermediários”, solicitou o governista.

Segundo Marcos Rogério, essa é a alternativa para apurar a versão narrada por Batista Júnior e aprofundar as investigações, uma vez que a advogada não personificou os denunciantes. “É fácil saber quem foram os demitidos. Em meio de 5 mil profissionais, o número não é tão grande. Que se faça a convocação desses profissionais para que se possa buscar a verdade e, sob juramento, eles possam vir a esta CPI para poder dizer os fatos”, pediu o governista.

Mesmo sem revelar a identidade dos clientes, a advogada afirmou ter certeza de que os dados não sofreram manipulação. Ela também colocou o material à disposição da CPI para perícia.