A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou um comunicado, na noite desta terça-feira, informando que verificou a existência de elementos que contradizem a versão inicial apresentada pela operadora Prevent Senior. Foram constatados indícios de que a operadora deixou de comunicar aos beneficiários informações que devem ser fornecidas, por lei. O comunicado também confirma que a agência autuou a operadora, na tarde de segunda-feira, e que o prazo é de 10 dias contatos a partir da data para que a Prevent Senior apresente a defesa.
A ANS disse ainda que segue com as análises de documentos relativos à Prevent Senior a respeito das denúncias sobre cerceamento ao exercício da atividade médica aos prestadores vinculados à rede própria da operadora. As informações pautaram, nos últimos dias, a CPI da Covid, do Senado Federal.
A agência informou que, paralelamente, realizou, na segunda-feira, diligências na sede operadora Hapvida, na capital cearense, e na sede da operadora São Francisco, em Ribeirão Preto. De acordo com a ANS, embora faça parte do Grupo Hapvida desde 2019, a operadora São Francisco usa CNPJ próprio, devendo obedecer à legislação de saúde suplementar e estando sujeita a sanções caso cometa infrações.
Segundo o comunicado da ANS, “durante as diligências foram solicitados esclarecimentos a respeito das denúncias sobre cerceamento ao exercício da atividade médica aos prestadores vinculados à rede própria da operadora, e sobre a assinatura de termo de consentimento, pelos beneficiários atendidos na rede própria, para a prescrição do chamado “Kit Covid”. A operadora recebeu prazo de 5 dias úteis para envio de documentação.
Depoimento de Bruna Morato
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta terça-feira, a advogada Bruna Morato, representante de 12 médicos da operadora de saúde Prevent Senior, afirmou que havia uma aliança entre a operadora e um conjunto de médicos que faziam orientações ao governo federal, alinhados aos interesses do Ministério da Economia, com um plano para incentivar o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19, mesmo sem eficácia atestada para o combate à doença. O objetivo era fazer as pessoas se sentirem seguras para circular pelas ruas, ajudando o país a não parar.
“A Prevent entrava para colaborar com essas pessoas. É como se fosse uma troca, que chamamos na denúncia de pacto, alguns descreveram como aliança. O que me foi dito é que havia um alinhamento ideológico para conceder esperança para as pessoas saírem nas ruas. E essa esperança tinha um nome: cloroquina”, afirmou.