Na véspera de deixar Esqueletão, comerciantes temem futuro incerto

Prédio deve ser desocupado até a meia-noite deste sábado, conforme decisão judicial

Foto: Mauro Schaefer/Correio do Povo

Na véspera de se encerrar o prazo judicial para a saída voluntária, a maior parte dos comerciantes e moradores que ocuparam por anos o Edifício Galeria XV, também chamado de “Esqueletão”, já havia deixado o local. Para quem permanecia, o dia serviu principalmente para desmontar as lojas e avisar clientes de que o atendimento está se encerrando. O prédio deve ser desocupado até a meia-noite deste sábado, conforme decisão judicial.

Apenas dois estabelecimentos permaneciam funcionando com atendimento normal. O clima entre os comerciantes era de tristeza e incerteza. Em geral, eles consideraram muito curto o prazo de 30 dias para reintegração de posse, determinado pela 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre. “Foi muito pouco tempo para a gente ir atrás de outro espaço”, avalia Magali Pasin, que precisou concentrar parte dos equipamentos da relojoaria que mantinha em uma das salas menor, da Galeria do Rosário. O restante vai permanecer em um depósito.

Já Ricardo Menda, que manteve uma assistência técnica para eletroeletrônicos por 23 anos no local, não sabe ainda para onde ir. “Estamos cumprindo a nossa parte com a saída pacífica, mas não temos novo endereço. O juiz pediu total apoio da Prefeitura e ainda não fizeram nada”, critica. Na loja de caça e pesca ao lado, a história se repete. Luiz Carlos dos Santos, proprietário do negócio, também não sabe onde vai poder retomar a atividade. “Todos nós aqui pagávamos o IPTU”, lembra. “Poderíamos ficar mais um pouco, meu alvará vale por mais um ano”, lamenta.

O secretário municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos (SMPAE), Cezar Schirmer, reitera que a decisão da desocupação e o prazo de saída foram definidos pela Justiça. “Não é um prazo que a Prefeitura está dando”, salienta. A decisão, de fato, atende ao pedido da Procuradoria-Geral do Município (PGM) em ação ajuizada ainda no ano de 2003 contra os proprietários do prédio.

O secretário também estima que a desocupação ocorra de forma pacífica. Segundo ele, a Prefeitura está oferecendo transporte e auxílio-moradia aos moradores. Ele também garante que o município ofereceu aos comerciantes espaço para se realocar no Pop Center, além de microcrédito especial.

O processo é acompanhado pela Procuradoria-Geral do Município (PGM), pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab), que executa as mudanças, e pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc).

Com uma área superior a 13 mil metros quadrados, o edifício começou a ser construído na década de 1950 pela Sociedade Brasileira de Construção, sem nunca ter concluído. Dos 19 pavimentos erguidos, apenas os três primeiros são ocupados por moradias, algumas em situação precária. Em um balanço feito no mês passado, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET) informou atividade de 13 estabelecimentos comerciais no térreo da galeria.