Fusão entre PSL e Dem gera incertezas no RS

Dependendo do alinhamento da nova sigla com o governo federal, é possível que alguns parlamentares não fiquem no novo partido

Foto: André Oliveira / Divulgação

A articulação nacional que deve resultar na fusão entre o PSL e o Democratas (Dem) gera incertezas de como o casamento entre as duas siglas vai se dar no Rio Grande do Sul. Além disso, dependendo dos alinhamentos em relação ao governo de Jair Bolsonaro, é grande a possibilidade de que parlamentares venham a não migrar para a nova sigla. Além disso, nos bastidores, o temor é de que a união entre os partidos, em vez de fortalecer uma sigla no campo da direita, possa acabar resultando em um partido sem força.

Segundo o presidente estadual do PSL, deputado federal Nereu Crispim, a união busca dar musculatura a um possível candidato majoritário em 2022. No Dem, por exemplo, há dois nomes citados como pré-candidatos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Apesar de reconhecer que ainda não há acerto sobre como vai se dar “a acomodação” local com a fusão, Crispim espera que todos os parlamentares permaneçam na sigla. “A ideia é manter todos”, apontou. Em 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro se elegeu pela sigla, o PSL assumiu quatro vagas na Assembleia e três na Câmara pelo Rio Grande do Sul. A bancada federal ainda aumentou para quatro cadeiras com a legenda fazendo a suplência de Onyx Lorenzoni (Dem), licenciado para se tornar ministro.

Na prática, a migração de sigla não parece ser tão certa assim. Alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, o deputado estadual Tenente-Coronel Zucco adianta que caso a fusão não seja pró-governo Bolsonaro, deve seguir para outra sigla alinhada ao governo. No caso da Assembleia, deputados do PSL também mantêm alinhamento com o governo federal. No caso da bancada gaúcha na Câmara, o alinhamento também é forte com Bolsonaro. O deputado federal Bibo Nunes direciona para o mesmo caminho. “Querem que eu continue no partido. Se não for a favor do Bolsonaro, eu saio”, pontua. Inclusive, ontem, ele teve reunião com o presidente do PSC, Marcondes Gadelha, e o presidente estadual, Bernardo Santoro.

No caso do Dem no Rio Grande do Sul, o compasso também é de espera. O presidente estadual da sigla, Rodrigo Lorenzoni, filho do ministro Onyx Lorenzoni, disse que a tendência é que o processo de fusão evolua. Com isso, observa, novos desdobramentos serão necessários, como as composições de diretórios da nova sigla. “A discussão, no momento, está sendo coordenada pelas executivas nacionais. Aqui, estamos no compasso de espera”, pontuou. Lorezoni projeta que a unificação possa resultar em um partido grande, mas admite preocupação em relação ao alinhamento. “O Dem historicamente é um partido de centro-direita. O PSL cresceu com o Bolsonaro na mesma linha. Acredito que se for uma união equilibrada, temos a possibilidade de ter um partido que possa influenciar na eleição (2022).”

Atualmente, o Dem conta com dois assentos na Assembleia. Porém, um dos integrantes, o deputado Thiago Duarte, já anunciou a intenção de deixar o partido. Enquanto isso, o deputado Eric Lins acompanha com preocupação as movimentações em torno da fusão. Na avaliação dele, o PSL cresceu muito rápido, impulsionado pela candidatura de Bolsonaro, e com políticos sem experiência, o que pode vir a ser prejudicial.

A união das siglas ganhou força, nesta semana, após a executiva nacional do Dem encaminhar posição favorável à fusão. No início da próxima semana, está prevista uma reunião da executiva do PSL e, em outubro, deve ocorrer um encontro conjunto dos partidos, consolidando a união. Após, a tramitação é mais burocrática junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a consolidação da sigla, o que deve ficar para o início de 2022.