Em recado direcionado ao presidente Jair Bolsonaro, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse nesta segunda-feira que líderes mundiais não devem “se preocupar” em ir à Assembleia Geral da ONU caso não queiram se vacinar contra a Covid-19. Bolsonaro vem reiterando que não vai tomar a vacina até que toda a população brasileira esteja imunizada.
“Precisamos mandar uma mensagem a todos os líderes mundiais, principalmente a Bolsonaro, do Brasil, de que se você pretende vir aqui, precisa ser vacinado”, disse De Blasio durante a coletiva de imprensa diária da prefeitura. “Se você não quer ser vacinado, não se incomode em vir, porque todos devem estar seguros juntos”, completou.
Como já é tradicional, o presidente brasileiro vai ser o primeiro a discursar na Assembleia Geral. A 76ª edição começa nesta terça-feira.
Mesmo não vacinado, o mandatário brasileiro não deve encontrar problemas para cumprir a agenda oficial na ONU, já que as regras estabelecidas pela prefeitura de Nova York, exigindo comprovante de vacinação para circular em prédios públicos, não se valem para a sede da ONU. Isso porque a organização é considerada território internacional, portanto não sujeito às regras de apenas um país.
Aos diplomatas e membros de comitivas, o presidente da Assembleia-Geral, Abdulla Shahid, encaminhou comunicado reiterando que “a prova de vacinação é exigida para certas atividades em ambientes internos, incluindo a sede das Nações Unidas”. Apesar da exigência não se estender aos chefes de Estado, a circulação de Bolsonaro fica limitada perante as exigências da Prefeitura de Nova York.
Expectativa do discurso
O presidente da República já adiantou que vai usar o espaço de visibilidade internacional para se posicionar contra o novo marco temporal. Bolsonaro pressiona para que sejam mantidas as demarcações de terras indígenas com base nas delimitações antes da promulgação da Constituição Federal, em 1988. “Esse novo marco não só abala nosso agronegócio como coloca em risco a segurança alimentar no Brasil e no mundo”, disse, durante evento em Minas Gerais, na última sexta-feira.
Ainda que trazendo o tema polêmico, o Itamaraty trabalhou, em conjunto com o Planalto, na elaboração de um discurso mais ameno, com foco na necessidade de se cumprir as metas estabelecidas na Cúpula do Clima. O objetivo é melhorar a imagem externa do Brasil. Por isso, a fala não deve seguir o mesmo tom adotado em 2019. Na primeira vez na ONU, Bolsonaro criticou a esquerda e incluiu referências religiosas na manifestação e responsabilizou interesses econômicos estrangeiros pelo desmatamento da Amazônia.