A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nota, nesta sexta-feira, na qual se manifesta favorável à vacinação contra a Covid-19 de todos os adolescentes, com ou sem comorbidades. A posição é mais uma reação contrária à recomendação do Ministério da Saúde de suspender a imunização de adolescentes sem comorbidades.
Segundo a SBP, até o momento, a pasta registrou 2.416 mortes pela Covid-19 entre adolescentes, número maior que o conjunto de outras doenças imunossuprimíveis. O texto cita um estudo nacional que aponta risco de morte pelo menos duas vezes maior para pessoas a partir dos 12 anos em relação a crianças com idade entre 2 e 11 anos.
No documento, a entidade destaca que, apesar de uma ocorrência menor da doença entre adolescentes, o grupo não está isento de formas mais graves e de sequelas, com impactos cognitivos e no aprendizado. A entidade defende que o controle da cadeia de transmissão da doença passe por uma “ampla cobertura vacinal” da população.
A SBP enfatiza ainda que o uso da vacina da Pfizer/BioNTech em adolescentes está autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que os testes da dose em ensaios clínicos demonstraram segurança, eficácia e imunogenicidade. O texto pontua que o imunizante também recebeu aval de autoridades sanitárias de outros blocos, como União Europeia, e é utilizado em 14 países.
Já o ministério informou que houve diversos casos de prefeituras que aplicaram vacinas não autorizadas pela Anvisa. Nos registros da pasta, dados enviados pelos estados mostraram parte do público sendo imunizado com outras vacinas além da Pfizer/BioNTech.
Eventos adversos e abastecimento
Em relação a eventos adversos identificados após a aplicação da vacina da Pfizer/BioNTech, os mais graves segundo a entidade, são os relacionados a miocardite. A nota ressalta, entretanto, que autoridades sanitárias dos Estados Unidos e do Reino Unido, mesmo diante dos casos, sugerem a vacinação de adolescentes.
“A maioria dos casos ocorreu em adolescentes do sexo masculino maiores de 16 anos e adultos jovens com menos de 30 anos de idade, mais frequentemente após a segunda dose da vacina. A maioria dos pacientes respondeu bem ao tratamento com rápida recuperação”, assinala a SBP.
A entidade finaliza dizendo que “decisões unilaterais não contribuem para a construção de um programa de imunização de sucesso, sendo a confiança um dos principais pilares das ações de vacinação”.
Questionados se a suspensão da vacinação pode decorrer da falta de vacinas, representantes do ministério descartaram essa hipótese e afirmaram que não há problema de abastecimento de doses no país.
Sem segunda dose
Diante da recomendação de suspensão feita pela pasta, adolescentes sem comorbidades que receberam a primeira dose não devem ser imunizados com a segunda dose. A orientação de interromper a vacinação vale também para adolescentes com comorbidades que tomaram a primeira dose de farmacêuticas ainda sem autorização para uso nessa faixa etária, como é o caso da AstraZeneca e da CoronaVac.
Apenas adolescentes com comorbidades imunizados com a Pfizer/BioNTech na primeira dose podem seguir com o processo de imunização e completar o ciclo vacinal, procurando os postos para receber a segunda dose.