Operação da PF pressiona CPI a estender investigações

Com documentos apreendidos e chegada de inquérito das fake news, relator fala em não entregar parecer na próxima semana

Foto: Pedro França/Agência Senado

Com a operação da Polícia Federal (PF) que atingiu a empresa Precisa Medicamentos, nesta sexta-feira, a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), aumenta a pressão para que os trabalhos sejam mantidos por mais tempo que o previsto. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) havia dito que pretendia entregar o relatório final até o dia 24. Nesta sexta, entretanto, ele afirmou em videoconferência com advogados que a ideia é dar mais um tempo, entre uma e duas semanas, para apresentar as conclusões.

A questão dividia o grupo majoritário da CPI. Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, vinham defendendo não encerrar os trabalhos neste momento.

A comissão pode funcionar até 5 de novembro. O receio de alguns senadores é que a comissão perca relevância. Mas fatos novos foram acrescentados nas últimas semanas e colocaram os trabalhos da CPI no centro do debate nacional. Com a operação da PF nesta sexta, documentos foram apreendidos e é preciso prazo para a análise.

“Há uma ideia de dar mais uma ou duas semanas depois da próxima. Não depende do posicionamento do relator, nem do presidente, mas vamos obter uma decisão colegiada disso”, afirmou Renan em reunião com o grupo Prerrogativas, de advogados, hoje.

Ao R7, Alessandro Vieira pontua que existe divergência no grupo e que a discussão está em aberto, mas frisa que há uma quantidade significativa de documentos que ainda precisa de análise.

Ele cita, por exemplo, o fato de os dados do inquérito das fake news do STF terem chegado ao relator somente nesta semana. Além de Calheiros, os outros parlamentares devem ter acesso à documentação, o que ainda não ocorreu. Há, ainda, o problema de acesso aos documentos, pois a senha de acesso dos senadores não funcionou alguns dias nesta emana e gabinetes ficaram sem conseguir obter qualquer documento no sistema.

“Não há como analisar esse mar de documentos e preparar para o dia seguinte sem deixar coisas em aberto. E deixar coisas em aberto tendo prazo para trabalhar não me parece ser a postura responsável”, afirmou Vieira. Randolfe Rodrigues, que defende os trabalhos até o fim de setembro, resumiu da seguinte forma à reportagem: “Acho que enquanto tiver bambu tem que ter flecha”.