Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com dados colhidos entre os dias 17 de janeiro e 19 de julho reforçou que as vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer preveniram casos graves e óbitos causados pela Covid-19 no Brasil. Confirmando conclusões de outros pesquisadores, a análise também indicou que a proteção é maior quando o esquema vacinal é completo, mas cai conforme aumenta a idade da pessoa vacinada.
A análise dos adultos com esquema vacinal completo da AstraZeneca apontou que a efetividade contra óbitos varia de 97,9%, entre as pessoas com 20 a 39 anos, a 84,6%, entre aquelas com mais de 80 anos. Para os casos graves, a efetividade mais alta se registrou na população de 40 a 59 anos (90,4%), e a mais baixa entre os maiores de 80 anos: 66,7%.
No caso do esquema completo da CoronaVac, a efetividade contra óbitos chegou a 82,7% na população de 40 a 59 anos, e de 45% na população com mais de 80. Contra casos graves, a efetividade do esquema completo dessa vacina chega a 60,8% entre os idosos de 60 a 79 anos, mas cai para 29,6% entre aqueles com mais de 80.
Com uma base de dados encerrada em julho, a pesquisa analisou também a efetividade dos vacinados com a primeira dose da Pfizer, que começou a ser aplicada em maio, quando o calendário de vacinação já tinha contemplado idosos e parte dos grupos com comorbidades. Essa vacina é administrada no país com intervalo de 12 semanas entre as duas doses, e com o baixo número de segundas doses aplicadas no período estudado, a efetividade do esquema vacinal completo da Pfizer não chegou a ser avaliada separadamente.
A pesquisa mostra, contudo, que a efetividade da primeira dose da Pfizer contra mortes chegou a 89% nas faixas etárias de 40 a 59 anos e, a cerca de 81% entre o público de 60 a 79. Entre os mais jovens, a efetividade atingiu 86,1% contra mortes e 64,7% contra casos graves.
Foram usadas as bases de dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), com mais de 66 milhões de registros no total, abrangendo doses aplicadas e casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Os pesquisadores incluíram no estudo os vacinados com primeira e segunda doses das três vacinas para medir a taxa de efetividade. Diferentemente da eficácia, calculada nos testes clínicos de desenvolvimento da vacina a partir da comparação de voluntários vacinados e não vacinados, a efetividade mede a proteção que o imunizante confere quando passa a ser usado em larga escala na população, já com a aprovação das autoridades de saúde.
A pesquisa ainda precisa ser revisada por outros cientistas, tendo sido publicada em formato preprint na plataforma medRxiv.
Plano de imunização
O estudo também produziu uma análise de efetividade do plano de imunização como um todo, incluindo as três vacinas disponíveis. Nesse caso, a efetividade dos esquemas vacinais completos contra mortes é de 51,4% nos idosos com mais de 80 anos, de 71,8% na faixa etária de 60 a 79 anos, e de 84,5% para a população de 40 a 59. Esses percentuais caem para 35,9%, 61% e 73,6% na efetividade contra casos graves.