Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quarta-feira, o empresário Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria, apontado como lobista da empresa Precisa Medicamentos, admitiu negócios com a advogada do presidente Jair Bolsonaro, Karina Kufa. A princípio, Marconny negou a relação comercial com ela, mas, depois de ser alertado sobre a possibilidade de prisão em caso de falso testemunho, mudou a versão.
Inicialmente, perguntado pela senadora Leila Barros (Cidadania-DF), o empresário afirmou que teve vários encontros sociais com a advogada, de quem é amiga, em diversos lugares. “Nunca tive relações comerciais com a doutora Karina Kufa, só de amizade”, afirmou.
Em seguida, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, o questionou sobre uma mensagem trocada em 30 de agosto do ano passado, na qual uma pessoa do escritório de Kufa escreve: “Marconny, tudo bem? Aqui é Pedro Arthur, do escritório da Karina Kufa. Ela pediu para verificar com você a possibilidade de fazermos uma call hoje para tratar dos negócios. Às 11h, coisa rápida”. Randolfe Rodrigues o perguntou sobre o que conversaram, e o suposto lobista tentou usar o direito constitucional de ficar calado para não se autoincriminar.
“Senhor Marconny, nos ajude a ajudá-lo. Está difícil”, respondeu Randolfe. Perguntado novamente, o empresário continuou dizendo que nunca teve negócios com Kufa. Pressionado, por fim, respondeu: “Eu me retrato na parte do negócio. Mas foi só uma sondagem, não prosperou, e eu fico no direito constitucional de ficar calado para não me incriminar”.
Inquérito
As mensagens às quais a CPI teve acesso são de um inquérito do Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA). Os senadores dizem que Marconny atuou para auxiliar a empresa nos negócios envolvendo contratos para venda de testes rápidos de Covid-19. À CPI, ele negou ser lobista e disse ter sido sondado para assessorar a Precisa em uma licitação que tinha como objetivo a aquisição de testes rápidos.
Ele declarou ainda ter uma empresa que atua com assessoria política na área privada, com parlamentares entre os clientes, mas se negou a dizer os nomes, alegando cláusula de sigilo. O empresário usou a prerrogativa de permanecer em silêncio para não se autoincriminar quando perguntado sobre quantas vezes visitou a sede da Precisa.