Greve da Carris reduz circulação de ônibus e causa transtornos nesta sexta-feira

Mobilização visa retardar a tramitação do projeto de privatização da empresa

Fila para ônibus no Terminal Triângulo. Foto: Ricardo Giusti/Correio do Povo

Os passageiros que dependem das linhas operadas pela Carris, em Porto Alegre, enfrentam dificuldades na manhã desta sexta-feira (03). A greve dos trabalhadores da empresa reduziu em quase 70% o número de coletivos nas ruas, causando transtornos nas paradas e aglomerações nos veículos que estão circulando.

Dos 100 ônibus que deveriam ter saído da garagem até as 6h30min, apenas 33 percorrem as rotas programadas. A mobilização visa o fim da tramitação do projeto de lei que prevê a privatização da companhia, que é a mais antiga em atividade no país. A pauta está apta a ser votada na Câmara de Vereadores e deve ser debatida em plenário nos próximos dias.

“Todo mundo está disposto a lutar. É muito melhor que eles cortem o ponto do que tirar o nosso emprego. O protesto tem data e hora para chegar ao fim. No dia em que o prefeito mandar uma mensagem, retirando o projeto da Câmara, nós voltamos ao trabalho”, garante o delegado sindical da Carris, Maximiliano da Rocha.

A prefeitura anunciou uma série de medidas paliativas para o setor. A primeira delas é o corte do ponto dos funcionários envolvidos na greve, que acontecerá caso a estatal não mantenha 65% da frota nas ruas. A segunda é a liberação para que as lotações transportem passageiros em pé. Por fim, os consórcios privados foram convocados para assumir as linhas mais movimentadas da Carris.

“Os servidores estão aderindo espontaneamente à greve. Não estamos impedindo quem quer trabalhar. Estamos tentando convencê-los de parar, embora a administração tenha dado um golpe no movimento ao entrar com os trabalhadores dentro da garagem. Normalmente eles deixam os todo mundo aqui na frente, e hoje foi diferente”, relata Max.

Privatização

A venda da estatal ganhou força após o reajuste da tarifa na Capital. Na oportunidade, o conselho que regula o sistema indicou a necessidade de elevar a passagem para R$ 5,20 – valor que foi rejeitado. Desde então, o prefeito Sebastião Melo (MDB) reitera que o quilômetro rodado da Carris custa 21% mais do que nos consórcios privados.

A tendência é de que o projeto de lei que autoriza a desestatização da companhia seja debatido na Câmara de Vereadores ainda neste mês. Segundo a administração municipal, a definição depende apenas das condições e dos votos necessários para a aprovação.

Linhas da Carris operadas pelos consórcios privados:

Consórcio SUL: T3, T11, T12/T12A
Consórcio LESTE: T6, T9, 343
Consórcio MOB: T4, T1, T7
Cia. Carris: C1, C2, C3, 353, D43, T2/T2A, T2A1, T8, T10 T13, V375, T5