Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o motoboy Ivanildo Gonçalves, funcionário da empresa de logística VTCLog, alvo da comissão nesta quarta-feira, disse que esteve várias vezes no Ministério da Saúde. A empresa tem diversos contratos com o ministério e outras pastas do governo federal, a maioria firmados com a Saúde, inclusive no período em que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), era ministro.
“Quando eu prestava serviço de entregar fatura, eu andava constantemente no Ministério da Saúde”, disse Gonçalves. Perguntado se conhecia alguém, negou: “Eu não conhecia ninguém. Eu ia a salas para entregar faturas, em setores e setores”. O motoboy afirmou que nunca fez transferências, tampouco entregou dinheiro em mãos a ninguém. Gonçalves, porém, disse ter entregado um pendrive neste ano, no quarto andar do ministério – o mesmo onde funciona o Departamento de Logística (DLOG).
O motoboy foi convocado depois que foi revelado um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrando que ele fez saques milionários em contas da VTCLog. Ivanildo explicou aos senadores que fazia saques em contas da empresa e realizava pagamentos de boletos em seguida. O restante do dinheiro, ele levava de volta à empresa, onde trabalha desde 2009. Segundo ele, o maior valor que já sacou foi de pouco mais de R$ 400 mil.
No Ministério da Saúde, o DLOG era chefiado pelo ex-diretor Roberto Dias, alvo da comissão depois que foi denunciado após suposto pedido de propina feito por ele de US$ 1 por dose de vacina contra a Covid-19. Os senadores suspeitam que Dias atuava em um esquema no ministério. Ivanildo Gonçalves negou conhecer Roberto Dias.