Melo nega pedido dos rodoviários e opta por manter tramitação de privatização da Carris

Prefeito alega que pauta é balizada pelo resultado das últimas eleições

Carris. Foto: Alina Souza/Correio do Povo

O prefeito Sebastião Melo (MDB) confirmou, nesta sexta-feira (27), que manterá o projeto de desestatização da Carris em tramitação na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A decisão contraria um pedido feito pelos rodoviários, que solicitaram o prazo de seis meses para que fossem encontradas soluções para a situação financeira da estatal.

Em áudio divulgado pela assessoria de imprensa do Paço Municipal, o político justificou que a pauta é balizada pelo resultado das últimas eleições. “A audiência pública sobre o tema teve uma belíssima participação. Nós temos falado com praticamente todas as bancadas da Câmara. Quando a pauta tiver madura, vai depender do Legislativo”, afirma.

Melo admite que a solução para a crise do transporte público da Capital também passa por outras medidas, como a redução das isenções e a integração entre os ônibus e as lotações. Entretanto, defende que a privatização da Carris vai dar fôlego para o sistema – sobretudo no valor da tarifa, que hoje está em R$ 4,80.

“A desestatização é parte da solução. A empresa transporta 22% dos usuários e tem custos de R$ 12 milhões ao ano, enquanto arrecada R$ 6 milhões. Isso impacta enormemente nas finanças do município. Ela é parte da solução, mas não é só privatizando a Carris que nós vamos solucionar o problema”, ressalta o prefeito.

Custo

As discussões sobre a venda da estatal ganharam força após o reajuste da tarifa dos ônibus na Capital. Na oportunidade, o conselho que regula o sistema indicou a necessidade de elevar a passagem para R$ 5,20 – valor que foi rejeitado. Desde então, ele reitera que o quilômetro rodado da Carris custa 21% mais do que nos consórcios privados.

No início da semana, os servidores da empresa fizeram um protesto em frente à garagem e impediram a saída de dezenas de veículos. Na oportunidade, eles questionaram a suposta falta de diálogo da prefeitura quanto ao projeto de privatização e, também, o projeto que prevê a extinção gradual da função dos cobradores.

A paralisação chegou a se transformar em greve, mas foi suspensa após uma reunião da categoria com representantes da prefeitura. O sindicato que representa os trabalhadores volta a se reunir hoje para definir o futuro da mobilização, uma vez que a maior parte das demandas não foram atendidas pela administração.