A situação financeira da Carris pautou, nesta quinta-feira, reunião entre rodoviários, vereadores, representantes da prefeitura e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). O encontro ocorreu na sede do órgão de trânsito. O secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Zachia, se comprometeu em levar ao prefeito Sebastião Melo, em reunião nesta tarde, a proposta de que a empresa tenha seis meses para buscar soluções para a crise financeira. Uma resposta é aguardada para esta sexta-feira.
A necessidade de um prazo mínimo de meio ano antes de se optar pela privatização é defendida pelo presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre (Stetpoa), Sandro Abbáde, e pelo vice-presidente da Comissão dos Funcionários da Carris, Marcelo Weber. De acordo com o último, não há sentido em abrir discussão se, em um prazo de dez dias, o projeto de desestatização for a votação. Os funcionários, em estado de greve, admitem, em caso de negativa, retomar a paralisação na segunda-feira.
A sugestão é de que o projeto seja retirado da Câmara de Vereadores, onde já é analisado pelas bancadas e comissões. Em reunião na segunda-feira, o prefeito Sebastião Melo garantiu que a proposta não deve ser colocada em votação antes de dez dias. O encontro entre o sindicato e o prefeito ocorreu depois de uma mobilização dos rodoviários, que cruzaram os braços e não trabalharam durante a manhã e parte da tarde.
Na defesa pelo projeto de extinção gradativa dos cobradores em Porto Alegre, o presidente da EPTC, Paulo Ramires, destacou, nesta quinta, que em 63 cidades do país o serviço de ônibus já é prestado sem esse tipo de profissional. Ele também observou que o projeto apenas abre possibilidade de se discutir a desestatização da empresa, sem prever demissão automática.
Já segundo funcionários e vereadores que participaram do encontro, como Roberto Robaina (PSol), seguem faltando informações nas negociações entre trabalhadores e a prefeitura. Mauri Cruz, que presidiu a EPTC entre 1993 e 2000, argumentou que o custo com pessoal da Carris é semelhante ao de empresas do setor privado. “A crise é do sistema “, disse. Já o delegado sindical da Carris, Afonso Martins, cobrou que seja definido um encaminhamento a ser levado aos trabalhadores da empresa.
Na reunião, o diretor-presidente da Carris, Maurício Cunha, informou que o passivo mensal com pessoal é de R$ 6,75 milhões, sem contar o gasto com INSS. Além disso, apontou que a paralisação de segunda-feira significou prejuízo de cerca de R$ 222 mil para a companhia.