Coaf vê movimentação incompatível em conta de Ricardo Barros

Documento obtido pelo R7 analisa dados do deputado relativos a março deste ano

Foto: Pedro França / Agência Senado / Divulgação

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que houve incompatibilidade de movimentações avaliadas com a capacidade declarada em uma conta do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. O parlamentar é alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 por suspeita de atuação em negociações de vacinas junto a empresas intermediárias, o que ele nega.

“De acordo com as informações cadastrais e as movimentações analisadas, entende-se como incompatível com a capacidade declarada, superando cerca de R$ 169.894,97″, cita o relatório, obtido pelo R7. De acordo com o Coaf, as movimentações foram feitas por meio de saques, o que dificulta identificar os beneficiários finais dos repasses.

O valor na conta, segundo o documento, é de R$ 418,6 mil. O relatório detalha a análise de movimentações referentes ao mês de março. No período, os créditos de forma consolidada totalizaram cerca de R$ 207,3 mil. Já as movimentações de débito atingiram R$ 211,1 mil.

O documento explica que o órgão entrou em contato com a “administradora das contas correntes do grupo econômico”, que relatou “que parte da movimentação é decorrente da venda de imóveis, que em sequência são destinadas a pagamentos de empréstimos, contratos entre as empresas do grupo [empresas das quais Barros é sócio]”.

O relatório, ao fim, expressa no campo “ocorrências”: “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”. O patrimônio líquido declarado do deputado, segundo o relatório, é de cerca de R$ 446,6 mil.

Ao R7, Barros afirmou que “antes de mais nada”, repudia “totalmente o vazamento de informações sigilosas”. Ele também fala que tomou “providências jurídicas em relação a esses sucessivos vazamentos ilegais, irresponsáveis e criminosos”.

“Este foi o argumento de meu recurso à ministra do STF [Supremo Tribunal Federal], Carmen Lúcia, protocolado hoje. A CPI da Pandemia não é confiável. Reforço que todas as movimentações financeiras pessoais ou referentes às minhas empresas são compatíveis com a minha renda. A Receita Federal inclusive já acatou a minha defesa em processo administrativo. Não há nada de irregular”, acrescentou o parlamentar.