A Polícia Federal marcou para a próxima quarta-feira o depoimento do cantor Sérgio Reis, que convocou caminhoneiros para um protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O artista é acusado de ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma mensagem de áudio, ele defendeu “invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra” em caso de o Congresso não tirar os ministros dos cargos em um mês.
“Eles [parlamentares] vão receber um documento assim: ‘vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e para tirar todos os ministros do Supremo Tribunal Federal’. Não é um pedido, é uma ordem. Se, em 30 dias, não tirarem aqueles caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser”, afirmou o artista após uma reunião em Brasília, em que sugeriu uma paralisação de produtores de soja em 12 de agosto.
Depois da fala, Reis passou a ser investigado por suspeita de “incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”. Com isso, tornou-se alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal, autorizados pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, em resposta a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
Além dele, vai ser ouvido no mesmo dia, Antonio Gilvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). Segundo fontes da corporação, o representante do setor chegou a ir até a Superintendência da PF em Mato Grosso e falou em se apresentar em Brasília. Mas, a princípio, a oitiva dele está marcada para ocorrer também por vídeo.
Retratação
Em entrevista exclusiva ao Domingo Espetacular, da Record TV, o investigado disse ao repórter Roberto Cabrini que falou “brincando”. “Não me arrependo de nada. Só essa frase infeliz, que eu brinquei com um amigo, que vazou. Mas não é a realidade. E, se eu falei, foi brincando.” Depois do posicionamento radical, diversos artistas que marcaram de participar com Sérgio Reis de um álbum de música nacional, retiraram as participações. Entre eles, Guarabira, Zé Ramalho, Guilherme Arantes e Maria Rita.
Posteriormente, Reis admitiu que errou e se disse disposto a se retratar. “Eu errei, cara. Quem não erra? Quem é que não erra? Quem não faz uma bobagem um dia, sabe”, desabafou.
A declaração incitando atos de violência contra os ministros do Supremo não é a primeira das falas de Sérgio Reis a criar polêmica. “Nós estamos fazendo um movimento pra salvar o nosso país, sem agressões, sem nada. Nós queremos dar um jeito de movimentar o nosso país e salvar o nosso povo”, disse em um vídeo divulgado em 29 de julho.
