Pacheco sinaliza que não deve levar à frente impeachment de Moraes

Presidente do Senado declarou que democracia pressupõe "diálogo" e "contenção do ímpeto"

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) protocolar o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MDB-MG), sinalizou, na noite desta sexta-feira, que a iniciativa não deve vingar. É dele o poder de determinar se os colegas votarão o pedido.

“Não antevejo fundamentos técnicos, jurídicos e políticos para impeachment do ministro do Supremo, como também não antevejo em relação a impeachment de presidente da República. O impeachment é um instrumento grave, excepcional, de exceção e não pode ser banalizado”, afirmou Pacheco, em entrevista à imprensa.

Ele também comentou que a democracia pressupõe “diálogo” e “contenção do ímpeto”. “Gostaria muito que toda essa energia que está sendo gasta no Brasil de criar polêmica, divisões, fosse concentrada para resolver problema de fome, miséria, do desemprego, da inflação que está batendo à nossa porta, do desmatamento da Amazônia e das nossas florestas”, reiterou.

Pacheco ainda manifestou o desejo de retomar o diálogo entre os Poderes, na esteira da crise institucional. Para o senador, o episódio da apresentação do pedido de impeachment deve ser “superado”.

Depois de diversos conflitos sobre a proposta do voto impresso e a segurança das urnas eletrônicas, o STF suspendeu o diálogo com o presidente Bolsonaro. Decisões recentes de Moraes, que prenderam aliados do presidente no âmbito de inquéritos das fake news e contra mílicias digitais, pioraram a situação.

Bolsonaro relembrou essas e outras decisões do ministro para acusá-lo de crimes de responsabilidade por supostamente proceder de modo incompatível com a honra e dignidade das funções de ministro e ao proferir julgamento sendo, de acordo com a lei, suspeito na causa.

Por fim, o presidente citou o acolhimento, por Moraes, de uma notícia-crime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro determinou a abertura de inquérito contra Bolsonaro resposta a ataques ao sistema eletrônico de votação, durante uma live.