Mourão afasta tese de perseguição do STF a apoiadores de Bolsonaro

Vice-presidente defendeu a atuação do procurador-geral, Augusto Aras, e da abertura de processo de impeachment contra ministros do STF como uma "luta política"

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, considera que não há perseguição da Justiça, em especial do Supremo Tribunal Federal (STF), a apoiadores de Jair Bolsonaro. Nesta sexta-feira, a Polícia Federal (PF) cumpre mandados de busca e apreensão em diversos endereços em seis estados, além do Distrito Federal. Entre os alvos estão o ex-deputado e cantor Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ). Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).

Conforme a PF, o objetivo é “apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”.

“Não vejo isso aí como uma questão do Judiciário e do Executivo. Existem denúncias, existe um inquérito em andamento, inquérito para poder se obter as provas necessárias, como é feita a investigação, seja por meio de depoimento das pessoas que são investigadas, seja apreendendo material na busca dessas provas”, disse Mourão a jornalistas, hoje de manhã, em Brasília.

“Obviamente tudo com autorização da Justiça se não foge aquilo que prevê o devido processo legal. Então vamos aguardar o que vai emergir disso tudo.”

No último fim de semana, Sérgio Reis e outras pessoas aparecem em áudios que circularam nas redes sociais ameaçando ministros do STF. Nas gravações, o cantor diz que os caminhoneiros vão parar o país em setembro se o Senado não retirar alguns dos ministros do STF.

“Se em 30 dias não tirarem aqueles caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria”, declarou o artista.

Já Otoni de Paula acabou denunciado em julho, pela PGR, por supostamente ter praticado crimes injúria, coação e difamação. A injúria teria sido cometido contra Alexandre de Moraes, em vídeos, ele ofende o ministro.

Questionado se houve uma mudança de postura da PGR, uma vez que o chefe do órgão, Augusto Aras, foi acusado pela oposição de omissão em relação aos ataques de Bolsonaro e seus apoiadores ao sistema de votação atual e aos ministros da suprema corte, Mourão fez uma defesa ao procurador.

“Não vejo isso. O que eu vejo é o procurador-geral, o doutor Augusto Aras, é um homem sério. Então, ele, para determinar que ocorra uma investigação mais aprofundada, tem que ter dados consistentes e não meros indícios. Eu acho que ele esperou que esses dados realmente se tornassem capazes de permitir ação dessa natureza. E aí ele agiu”, afirmou o general da reserva do Exército.

Sobre a ameaça do presidente de protocolar no Senado pedidos de impeachment contra ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barros, que acumula cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Mourão não crê que a iniciativa do chefe do executivo federal atrapalhe os planos de reconciliação entre os poderes.

“Acho que o pedido de impeachment está dentro do que prevê a Constituição. Compete ao Senado, começa pelo presidente do Senado analisar e ver se é o caso de colocar em andamento. Então é, mais uma vez te digo, é uma luta política. Dentro daquilo que prescreve a constituição”, finalizou.