Silêncio de Túlio Silveira irrita senadores na CPI da Covid

Presidente da comissão, Omar Aziz, prometeu tomar "providências" sobre a situação

Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado / CP

Repetindo o mal-estar de depoimentos anteriores à CPI da Covid, senadores se irritaram, nesta quarta-feira, com a postura de Túlio Silveira, advogado da Precisa Medicamentos, que optou por não responder questionamentos sobre como autuou na negociação em torno da vacina indiana Covaxin com o governo Bolsonaro. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM) não escondeu a frustração. “Não estou investigando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), estou investigando um cidadão que estava no meio disso, mas não pode, virou um não me toque”, disse Aziz. Silveira argumenta que pode ficar em silêncio para não ferir o sigilo profissional da relação de advogado da Precisa.

“O que estamos fazendo aqui é investigando. A gente não investiga as Forças Armadas, não investiga a OAB, as igrejas católicas e evangélicas, mas pessoas que estão envolvidas com falcatruas, sejam elas pessoas que estão dentro das Forças Armadas, dentro de igrejas, dentro da OAB”, continuou Aziz, fazendo referência a outro episódio da CPI que gerou polêmica, quando o senador disse existir um “lado podre” das Forças Armadas, de envolvidos com falcatrua dentro do governo.

Aziz reagiu após o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), o questionar sobre a postura de Silveira, que não respondeu perguntas sobre a atuação dentro da Precisa, empresa responsável por intermediar a compra da vacina indiana Covaxin. Silveira também manteve o silêncio quando perguntado sobre outras questões não relacionadas à empresa, o que irritou ainda mais os senadores.

O advogado não quis responder, por exemplo, sobre a relação com o presidente Jair Bolsonaro ou se já trabalhou dentro do Ministério da Saúde ocupando cargo em comissão. Integrantes da CPI reclamaram que há limites na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que libera Silveira de responder questões que possam incriminá-lo, o que obriga o advogado a responder sobre outras situações.

Antes de suspender a sessão para intervalo, Aziz afirmou que pretendia tomar “providências” sobre a situação. “Eu prefiro que o senhor me desrespeite e me responda. Mas acaba com esse ‘com todo respeito’ porque isso é falta de respeito. Eu vou suspender a sessão e depois a gente conversa. Eu vou tomar algumas providências”, disse o senador.

Durante a sessão, o senador Humberto Costa (PT-PE) também alegou que Silveira já advogou por 25 vezes para a VTCLog, outra empresa que mantém contratos com o Ministério da Saúde e está na mira da CPI da Covid.