Embora tenha anunciado o fim da guerra e o perdão a todos, o regime Talibã reprimiu com violência o primeiro protesto desde a volta do regime ao Afeganistão. A manifestação, que visava defender a bandeira do país, foi contida com tiros e agressões de soldados do grupo. Jornalistas que cobriam a mobilização também foram agredidos.
Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, o ato, que ocorreu nas ruas de Jalalabad, capital da província de Nangarhar, foi motivado pela oposição dos manifestantes a substituir a bandeira do Afeganistão por uma de cor branca que contém uma inscrição que representa os insurgentes e o Emirado Islâmico, que foi implementado com a volta do grupo ao poder.
A rapidez com que o Talibã dominou as principais cidades do Afeganistão até chegar à capital, Cabul, tomada no último domingo enquanto milhares de pessoas buscavam fugir do local, evidenciou falhas graves de avaliação e comunicação das agências de inteligência e do governo dos EUA.
Segundo uma reportagem do New York Times, a CIA e outras agências vinham alertando para um possível risco de que o exército afegão sucumbisse diante da ofensiva dos talibãs. No entanto, nenhuma delas foi capaz de prever que a queda acontecesse tão rapidamente.
Em julho, em meio à retirada nas tropas norte-americanas, que começou a ser planejada ainda no governo Trump e executada no governo Biden, houve um alerta de que poderia haver um colapso do governo afegão, mas já era tarde demais.
Quando as decisões foram tomadas, o consenso entre as agências era de que Cabul poderia resistir até dois anos aos avanços talibãs. O que não foi levado em conta era que o exército local, treinado durante anos e muito melhor equipado que os militantes, abandonaria a luta sem praticamente oferecer resistência.